Dados do Trabalho
Título
Neoplasia de colédoco distal em mulher jovem e sua difícil distinção da causa benigna: Relato de caso
Resumo
Apresentação: mulher, 42 anos, apresentando mialgia, diarreia, febre e náuseas há 5 meses. Após exames laboratoriais e evasão, retorna há 2 meses com febre, associada a prurido intenso, icterícia e colúria. Durante internação, identificadas Hiperbilirrubinemia mista de 19, marcador tumoral CA 19-9 elevados e alteração de enzimas hepáticas. Colangioressonância (CPRM) evidenciou estenose abrupta do colédoco distal, com dilatação das vias biliares, sem evidências de compressões extrínsecas ou imagens sugestivas de cálculos. Encaminhada à Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE), com realização de Papilotomia, citologia e colocação de prótese coledoceana, para drenagem de via biliar e alívio dos sintomas. Alta após 24h, para aguardar resultado e definição de conduta. Achado compatível com Adenocarcinoma em colédoco distal, sendo submetida à Gastroduodenopancreatectomia há 4 dias, ainda internada, evoluindo no pós-operatório sem intercorrências e melhora de quadro clinico geral. Anatomopatológico em andamento. Discussão: icterícia é um sintoma frequente nas doenças das vias biliares obstrutivas. Dentre as principais causas, temos doenças malignas, como colangiocarcinomas, e benignas, como a coledocolitíase e a colangite esclerosante primária (CEP). A CEP é decorrente de processo inflamatório crônico idiopático das vias biliares e pode apresentar quadro inicial semelhante ao do colangiocarcinoma, como estreitamento luminal e espessamento parietal, limitando a sua identificação e eventualmente tornando-as indistinguíveis no pré-operatório. A avaliação da extensão do segmento estenótico e de sua espessura em exames como CPRM e CPRE, associados ao nível sérico de CA 19-9, mais comumente elevado nos casos de neoplasia, podem contibuir na definição de conduta. Raro, o colangiocarcinoma corresponde a cerca de 2% dos tumores de vias biliares, sendo mais incidente no sexo masculino, entre a 5a e 7a décadas de vida. Considerações finais: o diagnóstico de patologias da vias biliares pode ser desafiador e merece atenção, uma vez que etiologias com tratamentos diferentes, podem se apresentar com quadro muito semelhante. A avaliação inicial associada a instituição de exames complementares de forma adequada pode definir tratamento cirúrgico precoce e mudar o desfecho de uma doença considerada de mau prognóstico, como a neoplasia de vias biliares.
Área
Cirurgia - Pâncreas
Autores
Beatriz Dias Rosa, Pedro Henrique De Souza Sandim Silva, Géssica Ribeiro Borges, Guilherme Strambi Frenhi, Paulo Roberto Fontes Mega