Dados do Trabalho
Título
Síndrome hepatopulmonar em paciente portadora de esquistossomose hepatoesplenica
Resumo
Apresentação do Caso
Paciente de 58 anos, ex-etilista, admitida em um hospital terciário com quadro de dor abdominal difusa associado a episódio de síncope. Ao exame físico admissional, foi descrita presença de baqueteamento digital, cianose distal e ortodeóxia, sendo evidenciada hipoxemia importante na gasometria (PO2 < 50 mmHgn / G A-a O2: 62). Realizou ultrassonografia de abdome com achados de fígado com dimensões reduzidas, circulação colateral periesplênica com sinais de shunts esplenorrenais e esplenomegalia; além de TC de tórax sem sinais sugestivos de TEP, parênquima pulmonar e estruturas vasculares mediastinais sem alterações. Foi aventada possibilidade de SHP de modo que foi realizado ecocardiograma transtorácico com macrobolhas que descreveu passagem de bolhas para câmaras esquerdas a partir do 6º batimento preenchendo toda a cavidade do ventrículo esquerdo, confirmando a suspeição diagnóstica. Foi solicitado parecer da pneumologia que diante de hipoxemia severa, indicou oxigenoterapia domiciliar. Paciente foi listada para transplante hepático como situação especial e quando estável hemodinamicamente, recebeu alta em uso de O2 suplementar, mantendo acompanhamento com equipe de transplante.
Discussão
A síndrome hepatopulmonar (SHP) é uma possível complicação em pacientes com cirrose hepática e hipertensão portal, caracterizada pela presença de anormalidade na oxigenação arterial induzida por dilatações vasculares intrapulmonares. A sua fisiopatogenia ainda não está bem definida, mas especula-se que há combinação de fatores, tais como desequilíbrio entre substâncias vasoconstritoras e vasodilatadoras dentro dos capilares pulmonares e a predisposição genética.
Considerações finais
A SHP pode ocorrer em qualquer hepatopatia que cause hipertensão portal e é considerada fator independente de risco para o aumento da mortalidade em pacientes cirróticos. Estudos demonstram que o transplante hepático é a única terapia eficaz, tendo impacto significativo na sobrevida, podendo levar a resolução completa da doença, apesar da mortalidade pós-operatória ser proporcional ao grau de gravidade da SHP.
Área
Gastroenterologia - Fígado
Autores
Isabela Carvalho de Aquino, Osvaldo Carlos Rodrigues Junior, Gustavo Henrique Lima Guerra, Julia Vanessa de Mendonça Uchoa, Lucca Joaquim Novaes Alpes, Eduarda Collier de França, Guilherme Pompílio Paranhos Ferreira, Auremar Ferreira da Silva , Bianca Melo Aragão, Mateus Interaminense Perez, Carolina Costa Carvalho, Otávio Alencar Veras, João Luís Rocha Almeida