Dados do Trabalho
Título
ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA EVOLUÇÃO DO ESÔFAGO DE BARRETT EM DISPLASIA E EM ADENOCARCINOMA ESOFÁGICO: ESTUDO RETROSPECTIVO NO CENTRO HCFMUSP
Resumo
O esôfago de Barrett (EB) é descrito como a substituição do epitélio escamoso da mucosa esofágico por um epitélio colunar com células caliciformes na porção distal do esôfago, caracterizando a metaplasia intestinal especializada. Nesse contexto, o refluxo gastroesofágico (RGE) é um grande fator predisponente para o aparecimento do EB, devido às constantes agressões às quais o epitélio da mucosa esofágica é submetido. Pacientes com EB apresentam risco relativo 11 vezes maior de desenvolver adenocarcinoma, que ocorre por uma sequência metaplasia-displasia-carcinoma. Ainda nesse sentido, o EB atinge aproximadamente 3 milhões de pessoas no Brasil e é observado um aumento de sua incidência nos últimos anos. Desse modo, é de suma importância realizar o rastreamento dessa doença na população, acompanhar pacientes com EB e identificar fatores epidemiológicos associados a essa patologia. Sendo assim, este estudo analisa retrospectivamente dados de pacientes com EB no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) com o objetivo de reconhecer condições associadas à maior incidência da evolução do EB em displasia e em adenocarcinoma esofágico. Para este fim, foram feitas análises estatísticas de modo a estabelecer correlações entre as variáveis sexo, idade, tabagismo, etnia, IMC, extensão do Barrett e a presença de displasia e adenocarcinoma esofágico, para identificar se há maior incidência em algum grupo em relação à outro, o que representaria algum padrão epidemiológico de evolução para adenocarcinoma e displasia. A partir destas análises foi demonstrado que sexo, tabagismo, etnia e extensão do Barrett são variáveis que estão relacionados com uma maior incidência de adenocarcinoma, enquanto o IMC não apresenta significância estatística em relação à maior incidência de evolução de EB em adenocarcinoma. Por meio dos testes, também foi observado que as variáveis tabagismo e extensão do Barrett estão associadas a uma maior evolução do EB em displasia, enquanto não há uma relação estatística entre sexo, IMC e etnia. Outros achados relevantes dos testes estatísticos foi a forte associação entre adenocarcinoma e displasia. Diante desse cenário, a identificação destes marcadores epidemiológicos da evolução do esôfago de Barrett resultando em displasia e em adenocarcinoma é de suma importância, haja vista que o conhecimento desses fatores impacta diretamente a prevenção primária, a detecção precoce e o tratamento da patologia.
Área
Cirurgia - Esôfago
Autores
Eduardo Gallon, Leticia Souza Rego, Andrey Blaya Silva, Sérgio Szachnowicz , Andre Fonseca Duarte, Rubens Antonio Aisar Sallum, Ivan Cecconello