Dados do Trabalho
Título
FISTULIZAÇÃO DUODENAL ESPONTÂNEA DE NECROSE PANCREÁTICA DELIMITADA INFECTADA: RELATO DE CASO
Resumo
INTRODUÇÃO: G.A.L, masculino, 56 anos, com diagnóstico prévio de pancreatite aguda e posterior evolução para necrose pancreática delimitada (NPD) há 5 semanas, foi encaminhado por suposto quadro de perfuração duodenal diagnosticado por endoscopia de seguimento. Na admissão, constatou-se melhora da sintomatologia prévia, sem sinais de peritonite. Foi solicitada Tomografia Computadorizada (TC) de abdômen total com contraste endovenoso, que evidenciou redução da cavidade necrótica em relação a tomografia prévia, porém com presença de pequenos focos gasosos de permeio, sugestivo de atividade infecciosa ou fistulização. Diante da evolução, com ausência de peritonite e melhora do aspecto tomográfico, foi optado por não realizar laparotomia e repetir a endoscopia, a qual revelou a presença de fistulização da cavidade necrótica para o bulbo duodenal. Constatado necrose delimitada com debris e coleção purulenta, optou-se por debridamento e lavagem da cavidade necrótica por endoscopia. Após 3 sessões de drenagem endoscópica, nas quais se verificou importante redução de material necrótico e melhora do quadro clínico, recebeu alta hospitalar no 16º dia de internamento. DISCUSSÃO: As fístulas pancreáticas são complicações raras da NPD, que podem surgir em qualquer porção do trato gastrointestinal, pela ação enzimática do suco pancreático ou por necrose intestinal secundária a trombose vascular. Geralmente estão associadas aos efeitos a longo prazo da inflamação ou infecção pancreática, e o tipo mais comum e com pior desfecho clínico é a fístula colônica, seguida das fístulas duodenais. As principais complicações consistem em hemorragia gastrointestinal, ocorrendo em 60% dos pacientes, infecção bacteriana e falência de órgãos. A maioria das fístulas fecham-se espontaneamente, ou por manejo não cirúrgico adequado, ou quando drenam para o intestino. Casos refratários à terapia clínica ou quando infectadas recebem indicação de tratamento, principalmente utilizando técnicas como drenagem percutânea, endoscópica, radiologia de intervenção e laparoscopia percutânea. COMENTÁRIOS FINAIS: Casos de fistulização associada a pancreatite necrotizante delimitada infectada foram pouco documentados. A presença da infecção foi fator determinante para realizar intervenção endoscópica, pois o manejo é preferencialmente conservador. As medidas pouco invasivas, em detrimento da laparotomia, possibilitam desfechos mais favoráveis com melhores resultados e menores taxas de mortalidade.
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
IZABELLA MARIA LOPES TITON, RAFAELLA TOMOMI OISHI, JONAS TAKADA, RAYANA ENDY MAZIERO, LUAN ZACARIAS NUNES, FLÁVIA FERNANDA FRANÇA