XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

TUBERCULOSE PERITONEAL

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO

Homem, 35 anos, sem comorbidades prévias ou uso de medicações, cerca de três meses antes da internação começou a apresentar sudorese noturna, tosse seca, aumento do volume abdominal, dor abdominal difusa e perda ponderal (10 kg). À internação, o paciente encontrava-se emagrecido e com abdome globoso, sem sinais de hepatopatia crônica. O exame físico do abdome evidenciou macicez móvel e era doloroso difusamente, sem sinais de irritação peritoneal, visceromegalias ou massas palpáveis. Ultrassonografia e TC de abdome mostraram volumosa ascite livre e TC de tórax revelou pequeno derrame pleural bilateral. Na paracentese diagnóstica, o líquido ascítico tinha cor turva, gradiente de albumina soro-ascite (GASA) = 0,5 g/dL, TRM-TB e ADA negativos, proteínas no líquido ascítico = 5,4 mg/dL, celularidade com predominância de mononucleares e citologia oncótica negativa. Outros exames: PPD forte reator (> 10 mm) e baciloscopia negativa para pesquisa de BAAR no escarro. Videolaparoscopia mostrou grande quantidade de liquido ascitico esverdeado, aderências firmes entre cólon, omento e ligamento falciforme, fazendo efeito de massa. Anatomopatológico e imuno-histoquímica de biópsias do peritônio: infiltrado inflamatório crônico inespecífico, não evidenciando neoplasia. TRM-TB do líquido ascítico foi positivo, confirmando o diagnóstico de tuberculose peritoneal. Foi instituído tratamento com esquema quádruplo (RIPE: Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol), observando-se desaparecimento progressivo da ascite e dos sintomas sistêmicos já no primeiro mês de tratamento.

DISCUSSÃO

Suspeita-se de tuberculose peritoneal em paciente com ascite de início recente, sem evidências de doenças renais, cardíacas ou hepáticas, com manifestações sistêmicas (febre/sudorese noturna e perda de peso) e líquido ascítico com GASA abaixo de 1,1 g/dL, hipercelularidade às custas de mononucleares e taxa de proteína muito elevada. A avaliação peritoneal por videolaparoscopia, incluindo a realização de biópsias para análise laboratorial, aumentam a probabilidade de confirmação diagnóstica. O prognóstico é bom, com resposta ao tratamento com o esquema RIPE.

COMENTÁRIOS FINAIS

O diagnóstico de tuberculose peritoneal tem como fundamentos a história clínica, os fatores epidemiológicos e a realização de exames do líquido ascítico, incluindo TRM-TB e análise anatomopatológica de espécimes de biópsias do peritônio.

Área

Gastroenterologia - Miscelânea

Autores

Reyes David Acsama Amurrio, Conceição de Maria de Sousa Coelho, Murilo Moura Lima, Thaline Alves Elias da Silva, Caroline Torres Sampaio, Jeany Borges e Silva Ribeiro, Viny Sampaio de Brito, Daniel de Alencar Macedo Dutra, Renata Brito Aguiar de Araujo, Fabiana Nayra Dantas Osternes, Thaissa Nazareno de Almeida, Pablo Dantas Alencar, Leonardo Lino Martins Júnior, Francisca Nayra do Nascimento Aquino, André Gustavo da Silva Lima, Katia da Conceição da Silva, Daniela Calado Lima Costa, José Miguel Luz Parente