XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Hepatocolangiocarcinoma em um paciente HIV positivo : Um relato de caso.

Resumo

Homem, 56 anos, portador de HIV desde 1992 (carga viral indetectável), iniciou um quadro há 7 dias de dor abdominal em hipocôndrio direito, hiporexia, febre e emagrecimento. Foi internado em março de 2021 num Hospital Terciário de São Paulo, realizou tomografia (TC) de abdome que mostrou lesão hepática irregular, multisseptada, heterogênea, com áreas centrais de necrose / liquefação no segmento IV, a maior com 1,9 x 1,8 x 1,7 cm, com realce capsular ao meio de contraste, associadas a distúrbio perfusional do parênquima circunjacente por provável processo inflamatório perilesional, além de dilatação das vias biliares intra-hepáticas. Levantou-se a suspeita de abscesso hepático e fez uso de antibióticos com melhora parcial. Três meses depois, evoluiu com icterícia, prurido e dorsalgia, tendo realizado TC que mostrou múltiplas imagens confluentes por todo parênquima hepático, as maiores nos segmentos IV (5,1 x 2,6 cm) e V (5,9 x 3,3 cm). Evidenciado aumento acentuado da bilirrubina às custas da fração direta e moderado das transaminases e colestases. Fez TC de coluna que detectou lesão osteolítica sólida na vértebra T5 e foi submetido à biópsia hepática que veio com padrão imunohistoquímico compatível com Hepatocolangiocarcinoma. O nível de alfafetoproteína foi de 1.028 ng/ml (referência: < 8,1) e de CA19.9 de 1.131 U/ml (referência: < 37). Devido a queda do estado geral, a Oncologia optou por tratamento paliativo, vindo o paciente à óbito em outubro de 2021. Discussão: O Hepatocolangiocarcinoma é uma neoplasia maligna rara e responde por menos de 1% de todos os carcinomas hepáticos primários. A origem do tumor provém de células tronco hepática, porém as evidências disponíveis apoiam a visão de que a doença ocorra de uma célula – tronco hepática comum que são capazes de se diferenciar em colangiócitos e hepatócitos. Esse tumor representa um desafio diagnóstico, sem achados radiológicos específicos, sendo firmado através de biópsia hepática e do perfil de imunohistoquímica. O prognóstico é variável a depender do estadiamento tumoral no momento do diagnóstico. Comentários finais: O caso citado acima serve para levantarmos a suspeita de neoplasia hepática primária em pacientes com lesões hepáticas múltiplas sem cirrose hepática concomitante que não obtiveram resposta clínica e radiológica satisfatória após tratamento com antibioticoterapia, para que, assim, seja iniciado a terapêutica adequada mais precocemente possível.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Marcelo Veras Tavares, Larissa Moraes Oliveira, Jessica Bastos Garcia, Raul Carlos Wahle