XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

HEPATECTOMIA PARA TRATAMENTO DE HEMANGIOENDOTELIOMA EPITELIOIDE: UM RELATO DE CASO

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO
Mulher, 64 anos, hipertensa e diabética, com dor em hipocôndrio direito havia 6 anos, com piora há 2 anos. TC contrastada do abdome mostrou nodulações expansivas e heterogêneas, hipovasculares, predominantemente hipoatenuantes, com calcificações centrais grosseiras em segmentos hepáticos VI e VII, com ectasia de via biliar distal e alteração perfusional do parênquima adjacente. Com a investigação inconclusa para sitio primário, oncologia optou por realizar biópsia percutânea da lesão, e anatomopatológico com estudo imuno-histoquímico foram diagnósticos para hemangioendotelioma epitelióide. Em discussão de caso em reunião multidisciplinar, foi indicada para cirurgia. Submetida a segmentectomia hepática do segmento VI e enucleação de lesões também em segmentos VII e VIII - este visto em USG intraoperatoria. Evoluiu sem intercorrências e tem seguimento ambulatorial oncológico de 5 anos sem sinais de recidiva.
DISCUSSÃO
O hemangioendotelioma epitelioide (HE) é uma neoplasia maligna rara vascular (OMS, 2002) originária do tecido endotelial de apresentação diversa, mais relatado em partes moles, pulmão e fígado. Foi descrito em 1982 por Weiss e Enzinger, que relataram a imprevisibilidade de seu potencial de malignidade, tendo um comportamento que se situa entre o hemangioma e o angiossarcoma. Acomete majoritariamente o sexo femino, tendo associação com exposição a estrôgenio e cloreto de vinila. Pode ter padrão de crescimento lento e progressivo, com recorrência local em até 1/3 dos casos e metástases em até 20% dos casos.
Histologicamente, o HE é associado a massas e “lençóis” de células fusiformes-cuboidais nos canais vasculares de médios-grandes vasos, muitas vezes de aspecto mitótico ou pleomórfico, sendo difícil de diferenciá-lo de outros tumores vasculares. Devido à variedade de apresentações e comportamentos, a maioria dos autores sugere optar pela ressecção cirúrgica por meio da segmentectomia ou nodulectomia (se padrão nodular), quando ressecáveis. O transplante hepático pode ser indicado nos casos de acometimento difuso do parênquima, onde a ressecção não é possível.
COMENTÁRIOS FINAIS
O HE hepático é um tumor vascular raro de comportamento incerto, porém de evolução progressiva e prognóstico reservado, se não for tratado. A decisão terapêutica deve passar por discussão interdisciplinar e a ressecção cirúrgica das lesões é o tratamento mais indicado.

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

Victor Piola, Bruna Piola, João Victor Bezerra de Mello Cozer, Leonardo Augusto Simões, Gabriela Bacelar, Luiza Campos Corrêa de Araújo, Camila Souza Freitas, Luis Felipe Pohlmann Tabarelli, Henrique Setti Lacerda, Fernanda Braga Torres, Daniel Oliveira Araújo, Stela Ferreira Gadelha Mendez, Maciana Santos Silva, Guido Corrêa de Araújo Júnior