XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

HEPATITE AGUDA FULMINANTE DE ETIOLOGIA INDETERMINADA: UM RELATO DE CASO

Resumo

Resumo do caso: Paciente do sexo feminino, 20 anos, com quadro de icterícia e prostração iniciadas em 18/06/22. Negava uso de álcool, drogas ilícitas e suplementos. História de trombose venosa profunda em abril de 2022, com início do uso de rivaroxabana. Exames 20/06 com elevação de transaminases e hiperbilirrubinemia. Ultrassom abdominal sem alterações. Suspenso rivaroxabana em 21/06. Admissão hospitalar em 24/06 com icterícia, colúria, acolia, perda ponderal (10 kg em 2 meses) e dor abdominal. Manteve alteração laboratorial, com RNI alargado e hipoalbuminemia. Propedêutica de hepatopatias sem alterações. Evidências laboratoriais de hipertiroidismo. Descartada crise tireotóxica e contraindicado drogas antitireoideanas. Em 30/06 apresentou piora de função hepática e encefalopatia, preenchendo critérios para hepatite fulminante. Em 02/07 submetida à transplante hepático com evolução desfavorável, evoluindo a óbito. Anatomopatológico do explante com necrose parenquimatosa difusa, exsudato inflamatório, sem sinais de malignidade e de especificidade.

Discussão: A hepatite aguda fulminante possui causas multifatoriais, sendo uma das mais comuns a induzida por medicamentos. Dentre os medicamentos capazes de gerar lesão cita-se a rivaroxabana. Segundo a revisão literária, cerca de 23% dos pacientes em uso apresentam elevação de transaminases, com pequena porcentagem de hiperbilirrubinemia associada. Já descrito também lesão hepática grave. Uma série de casos com 26 relatos demonstrou que 57,7% acometeram pacientes do sexo feminino, com média de 15 dias de uso e altamente sugestiva quando usada por 1 a 2 meses. Na paciente citada, a faixa etária e o diagnóstico de hipertireoidismo corroboram a discussão para um possível quadro de autoimunidade sobreposto ou como causa principal da hepatite. Marcadores de autoimunidade podem ser negativos em estágios iniciais do curso da doença, ausentes em cerca de 10 a 40% dos casos. O início de tratamento específico com corticoterapia foi impossibilitado devido a rápida progressão para fulminante e necessidade de transplante de urgência.

Comentários finais: O relato de caso apresentado possibilita uma ampla discussão sobre causas de hepatite aguda fulminante, atentando para a rivaroxabana como possível indutor do quadro. Porém mesmo com alta suspeição, deve-se aventar outras possíveis etiologias, visando uma completa abordagem para o paciente.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Marisa Fonseca Magalhães, Júlia Carvalho Mourão, Laís Almeida Rocha Sampaio, Caroline Assis Aleixo Chaves, Wallanns Resende Santos, Paula Salgado Rabelo, Maria Fernanda Pereira Moreira, Bianca Prudente Peres Contijo, Larissa Veiga Raña, Rafael Jose Capuchinho Rocha