XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE APENDICITE AGUDA: RELATO DE CASO E REVISAO DE LITERATURA

Resumo

LDMF, sexo feminino, 19 anos, compareceu ao hospital com relato de dor em fossa ilíaca direita (FID) há 2 dias, associado à náuseas e hiporexia. Negou febre, alteração do habito intestinal ou demais sintomas associados. Em exame fisico, apresentava dor à palpação em FID, Blumberg positivo, Rovsing negativo, sem sinais de irritação peritonial difusa. Em revisão laboratorial da admissão, leucocitose discreta associada à PCR de 103. Encaminhada à radiologia para realização de tomografia de abdome, que evidenciou apêndice retrocecal medindo cerca de 8,8mm associado à barramento de planos gordurosos adjacentes, pequena quantidade de liquido livre em pelve e FID, alem de pequenos focos de pneumoperitônio adjacente. Encaminhada ao Bloco Cirúrgico em caráter de urgência para apendicectomia aberta. Durante ato cirúrgico, identificado corpo estranho em topografia de válvula ileocecal, sendo optado por laparotomia mediana, que evidenciou perfuração de 3cm em topografia da válvula ileocecal por palito de dente. Procedido ileocolectomia e anastomose laterolateral. Paciente evoluiu bem do ponto de vista cirúrgico, recebendo alta no quarto dia pós operatório, sem intercorrências.
Relatos na literatura de complicações devido à ingestao de corpos estranhos (CE) são comuns, principalmente em pacientes idosos, alcoólatras e crianças.
As perfurações trato gastrointestinal (TGI) por CE podem se manifestar com quadros clínicos variáveis, sendo mais comum peritonite, sintomas obstrutivos ou sangramentos. As apresentações mais atípicas são apendicite, como no caso descrito, abscessos hepáticos e até mesmo intussuscepção. Em um estudo retrospectivo realizado em 542 pacientes, a maioria dos CE passaram espontaneamente (>75%), a remoção endoscópica foi possível em quase 20% dos casos, sendo que cerca de 5% necessitaram de intervenção cirúrgica. Objetos finos requerem uma maior vigilância e a forma, tamanho e multiplicidade dos objetos nao são uteis para prever a probabilidade da passagem espontânea ao longo do TGI.
O abdome agudo por perfuração de CE é de difícil diagnóstico sendo muitas vezes realizado apenas no intraoperatorio uma vez que o paciente dificilmente se recorda do ato, ingerindo acidentalmente o objeto. Ao ser questionada no pós operatório, paciente relatou nao se recordar de ingerir tal CE.
É importante que o cirurgião sempre tenha em mente tal diagnóstico, principalmente em pacientes com abdome agudo sem etiologia definida pelo exame de imagem ou historia clínica.

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

Debora de Oliveira Sampaio, Denilson Marcos Curcio Junior, Antonio Yohanna Franca Pessoa da Costa, Luisa Jabour Pazeli, Thais Andressa FairHospital Metropolitano Odilon Behrens