Dados do Trabalho
Título
Evolução do esôfago de Barrett em pacientes submetidos a cirurgias do trato digestivo alto: um estudo retrospectivo no centro HCFMUSP
Resumo
O refluxo gastroesofágico (RGE) é o retorno repetitivo e involuntário do conteúdo gástrico para o esôfago. Episódios contínuos podem agredir a mucosa esofágica e potencialmente levar a uma incomum substituição do epitélio escamoso por epitélio colunar glandular, com células caliciformes típicas do intestino delgado. Esta substituição define a metaplasia intestinal na mucosa esofágica, caracterizando o Esôfago de Barrett (EB). Neste contexto, a evolução da DRGE progredindo para EB ocorre em cerca de 10 a 15% dos refluidores crônicos, principalmente em pacientes com evolução de longa data de refluxo. Ademais, o EB apresenta um epitélio susceptível à inflamação crônica e apresenta maiores riscos para displasia e adenocarcinoma. Dessa maneira, este trabalho avalia o impacto de técnicas não convencionais na evolução da extensão do esôfago de Barrett, sendo elas: Antrectomia (n = 1), Bypass em Y de Roux (n = 5), Cardiomiotomia (n = 6), Esofagectomia (n = 10), Gastrectomia (n = 12) e fundoplicatura de Lind (n = 12), dentre outras. Com este intuito, foi realizado um estudo retrospectivo de pacientes com EB atendidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), sendo avaliada a evolução da extensão da lesão entre a primeira e a última EDA que o paciente realizou no serviço. Observou-se maior regressão média absoluta da extensão do EB na esofagectomia, equivalente a 2,87 cm; da esofagectomia combinada com gastrectomia, de 1,15 cm; e da gastrectomia, com 0,97 cm. A antrectomia e os procedimentos envolvendo Y de Roux em nossa casuística, além de não reduzirem a extensão do epitélio colunar, tiveram pacientes com progressão e formação de Esôfago de Barrett "de novo", na média. Vale ressaltar que a fundoplicatura Lind, outrora principal tratamento para DRGE, embora tenha obtido regressão média de 0,37 cm na extensão do EB, não foi o tratamento com melhor resultado, e 17% dos pacientes avaliados apresentaram progressão da lesão, mas permanece como procedimento importante por ser menos invasivo. Conclui-se que, dentre os procedimentos avaliados, os procedimentos alternativos para o tratamento de refluxo em pacientes com EB podem ser efetivo para controle do epitélio e mesmo para contribuindo para sua regressão.
Área
Gastroenterologia - Esôfago
Autores
Felipe Augusto Dardin, Lucas Pinto Nunes, Paulo José Pouparina Canedo, Sergio Szachnowicz, Andre Fonseca Duarte, Rubens Antonio Aisar Sallum, Ivan Cecconello