XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Hemorragia digestiva por angiodisplasia de intestino delgado no pós-operatório tardio de transplante hepático

Resumo

Apresentação do Caso
Paciente masculino, 57 anos, transplantado hepático por colangite esclerosante primária há 10 anos e usuário crônico de anticoagulante oral por tromboses prévias, internado por melena intermitente há 4 anos. A investigação inicial com endoscopia digestiva alta e colonoscopia não evidenciou o sítio de sangramento. O exame de cápsula endoscópica mostrava múltiplas malformações vasculares, sendo assumido sangramento por angiectasias intestinais e iniciada terapia com octreotide SC 0.3mg/dia, mantida por 28 dias. Paciente evoluiu com melhora dos índices hematimétricos e ausência de novos sangramentos. Prescrito octreotide de liberação prolongada (OLP) após alta hospitalar e mantido acompanhamento ambulatorial.

Discussão
As angiodisplasias são malformações vasculares compostas por capilares arteriais ou venosos, dilatados e tortuosos, localizados nas camadas mucosa e submucosa do trato gastrointestinal. São as malformações vasculares mais frequentes e a causa de cerca de 50% dos casos de sangramento do intestino delgado.
A angiodisplasia apresenta-se de forma assintomática na maioria dos pacientes, com prevalência estimada de 0,83% a 67%. Sua fisiopatologia é incerta, especula-se ser oriunda de obstrução crônica e intermitente das veias da submucosa intestinal com indução de neovascularização e malformações vasculares. A localização e distribuição das lesões é fundamental na escolha da terapêutica. Quando localizada e acessível à endoscopia, a terapia com plasma de argônio é o tratamento de escolha. No entanto, nos casos de lesões difusas e/ou não acessíveis à endoscopia, a opção indicada torna-se a terapia hormonal com talidomida ou análogos da somatostatina, tendo a última menos efeitos adversos

Comentários finais
A ação do octreotide na inibição da angiogênese, com aumento da resistência vascular, diminuição do fluxo sanguíneo esplâncnico e estimulação da agregação antiplaquetária justificam seu uso e denotam maior benefício na redução da recorrência de sangramento, quando comparado à endoscopia. O OLP, de administração mensal, tem sido recentemente utilizado, apesar de ainda existir necessidade de estudos para esclarecimento de sua eficácia em diferentes subgrupos clínicos.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Osvaldo Carlos Rodrigues Junior, Isabela Carvalho de Aquino, Graciana Bandeira Salgado de Vasconcelos Fiuza Chaves, Julia Vanessa de Mendonça Uchoa, Eduarda Collier de França, Guilherme Pompílio Paranhos Ferreira, Lucca Joaquim Novaes Alpes, Auremar Ferreira da Silva, Bianca Melo Aragão, Mateus Interaminense Perez, Carolina Costa Carvalho, Otávio Alencar Veras, João Luís Rocha Almeida