Dados do Trabalho
Título
PANCREATITE AUTOIMUNE TIPO 1 IgG4 POSITIVA DE APRESENTAÇÃO ATÍPICA: RELATO DE CASO
Resumo
Apresentação do Caso: K.C.L., sexo feminino, 30 anos, tabagista, etilista social, sedentária. Na história familiar, pai com câncer de pâncreas e mãe com câncer de mama. Apresenta-se à consulta com queixa de crises de dor esporádicas na transição toracoabdominal, há 8 anos, porém, recentemente, iniciou com dor no hipocôndrio direito, irradiada para dorso, associada a despertares noturnos e epigastralgia pós prandial. Investigação com ultrassonografia abdominal evidenciou lesão nodular expansiva e hipoecogênica de 33x28 mm, localizada na cabeça e processo uncinado do pâncreas, associada a pequenos linfonodos adjacentes. Na tomografia computadorizada do abdômen, a lesão media 45x44x32 mm, com aspecto infiltrativo/expansivo na cabeça do pâncreas, envolvendo 1ª e 2ª porções do duodeno e o antro-piloro gástrico, associada a adensamento dos tecidos adiposos e linfonodos reacionais adjacentes. Exames laboratoriais realizados mostraram PCR, glicemia de jejum e hemoglobina glicada acima dos valores de referência. Por fim, realizou-se punção guiada por ecoendoscopia, cujo resultado de pancreatite crônica esclerosante apresentou perfil imuno-histoquímico consistente com pancreatite de etiologia autoimune tipo 1 - IgG4 (+). Discussão: A pancreatite autoimune representa 5-6% dos casos de pancreatite crônica, sendo o tipo 1 a manifestação pancreática relacionada ao IgG4. A prevalência desse tipo específico é maior em homens durante a 6ª-7ª décadas de vida, apresentando-se comumente com icterícia obstrutiva indolor e lesão em massa no pâncreas, mas alguns pacientes podem manifestar dor abdominal leve ou pancreatite aguda recorrente. Embora possa ocorrer isolada, a doença geralmente cursa com acometimento em outros órgãos (colangite, sialoadenite e dacrioadenite esclerosantes). Nota-se que, neste caso apresentado, os fatores clinico-epidemiológicos não seguiram o padrão mais usual de acometimento. Laboratorialmente, há elevação de IgG4 sérica em até dois terços dos casos, e o aspecto radiográfico pode ser um processo pancreático difuso ou uma massa focal indistinguível do câncer pancreático, onde então é recomendada a realização de biópsia guiada por ecoendoscopia, a exemplo deste relato. Comentários Finais: Ao analisar este caso, no qual a apresentação geral da doença diferiu das mencionadas em literatura, percebe-se a necessidade mais estudos a respeito da patologia e sua ocorrência em nosso meio, a fim de realizar identificação e diagnóstico mais rápidos e precisos.
Área
Gastroenterologia - Pâncreas e Vias Biliares
Autores
Camila Alves Pinto, Maria Fernanda Fernandes, Tainara Gonçalves Martins, Luigi Parise Cenci, Vitória Silva Rosa, Isabela Pizzetti, Manoel Carlos de Brito Cardoso