XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Cisto biliar (cisto de colédoco) - um relato de caso

Resumo


Apresentação do caso
I.H., feminina, 40 anos, apresenta dor em flanco e hipocôndrio direito com dois anos de evolução e náuseas. Ao exame, anictérica, abdome flácido, leve desconforto à palpação profunda de flanco direito, sem peritonismo. Ecografia de abdome total com lesão de aspecto vegetante e polipóide em topografia hepática e colangioressonância que evidencia, junto ao hilo hepático, formação ovóide medindo 4,3 x 4,2 cm sem definição do ducto hepático comum e do colédoco proximal, sem dilatação de vias biliares intra e extra hepáticas. Laboratoriais sem alterações em provas hepáticas, fosfatase alcalina, bilirrubinas ou hemograma, exceto por gama GT de 157. Evidenciou-se dilatação cística na topografia do hilo hepático, envolvendo o ducto hepático comum proximal e dos ductos hepáticos direito e esquerdo, sem envolvimento vascular, com conteúdo palpável, de consistência elástica. Procedeu-se a ressecção do colédoco e dos ductos hepáticos esquerdo e direito, peça enviada para exame de congelação transoperatória que revelou calcificação e dilatação do colédoco, sem neoplasia. Realizou-se hepatectomia direita tática, para permitir a ressecção completa do cisto a direita pois envolvia ramos biliares secundários. O exame anatomopatológico definitivo aponta um cisto de ducto colédoco com áreas de hiperplasia adenomiomatosa. Paciente recebe alta no décimo dia pós operatório.

Discussão
Os cistos de colédoco são uma malformação da via biliar, podendo ocorrer de forma individual ou múltipla em toda via biliar (extra ou intra hepática). Essas malformações podem ser assintomáticas, ou até mesmo cursar com complicações, tais quais estenose, litíase, infecções, icterícia, ruptura ou até perda de função hepática. Sua incidência no mundo ocidental é estimada em 1:100.000, e é mais comum em crianças de até 10 anos. Os cistos de via biliar têm uma associação com neoplasia maligna de vias biliares, especialmente colangiocarcinoma, e por esta razão, para alguns tipos de cistos de via biliar (tipos I ou IV) é recomendada a excisão completa da lesão e anastomose biliodigestiva em Y-de-Roux.
Comentários finais
O caso em questão tratava-se de uma malformação cística da via biliar comprometendo ducto hepático comum, colédoco, ducto hepático esquerdo e direito, sendo portanto classificado em tipo IV, recomendada a abordagem cirúrgica pelo risco de malignização a longo prazo.

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

Silvio Marcio Guerra Junior, Sara Luana Alves, Claudio Roberto Amorim Dos Santos Junior, João Filipe Dias Lunardi, Angelica Lucchese, Antonio Nocchi Kalil