XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

TROMBOSE VENOSA CEREBRAL EM PACIENTE COM DOENÇA DE CROHN EM ATIVIDADE: RELATO DE CASO

Resumo

RELATO DE CASO: Paciente de sexo feminino, 28 anos, estudante, com DC diagnosticada há quatro anos e em uso de infliximabe ainda em fase de indução por atividade persistente de doença, procurou avaliação por cefaleia intensa e refratária, associada a parestesia de membros superiores (MMSS) e, após uma semana, crise convulsiva tônico-clônica generalizada. Foi internada em bom estado geral, consciente e orientada, sem déficits focais, sinais e irritação meníngea ou rigidez nucal, acrescentando queixa de cefaleia que piora com exposição a luz e ruídos, além de força reduzida em membro superior direito (4+/5+), mas sensibilidade preservada. Realizado calprotectina fecal (3423 mg/kg) e PCR (3 mg/dl). Após realização de angioressonância de crânio, foi diagnosticado trombose venosa de seio sagital superior. Demais exames complementares descartaram outras causas de trombofilia (auto-anticorpos para SAF, anti-trombina, proteína S, proteína C e fator V. Na conduta instituiu-se: fenitoína 100 mg 8/8 horas e dabigatrana 150 mg 12/12 horas, recebendo alta após cinco dias de monitorização e sendo programada a manutenção do anticoagulante por seis meses e o término da fase de indução do imunobiológico. DISCUSSÃO: A doença inflamatória intestinal (DII) é uma inflamação crônica do trato gastrointestinal, dividindo-se em doença de Crohn (DC) e retocolite ulcerativa (RCU). Ademais, é também associada a um importante estado de hipercoagulabilidade. O risco de eventos tromboembólicos é três a quatro vezes superior em pacientes com DII, sendo maior em mulheres. Sua ocorrência é aumentada inclusive em pacientes sem recomendação de tromboprofilaxia, estando associado com a atividade de doença e sua extensão como fator de risco adicional. O espectro clínico em uma trombose venosa central varia de acordo com idade, gênero, localização e extensão de trombose, bem como a associação ou não de lesão de parênquima cerebral, podendo a cefaléia ser o único sintoma, precedendo os demais em dias, e tendo características que podem se assemelhar à migrânea. Em casos que o diagnóstico é feito em pacientes menores que 50 anos, é imprescindível a investigação aprofundada das trombofilias. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A incidência de eventos tromboembólicos em DII é pequena (1,6%), mas com alta mortalidade (25%). Por ser diretamente relacionada à atividade de doença, é importante lembrar desta condição como forma de avaliar eficácia do tratamento no controle das doenças inflamatórias intestinais.

Área

Gastroenterologia - Miscelânea

Autores

BRUNO SAMPAIO SANTOS, CELSO SOARES PEREIRA FILHO, CRISTIANE VIEIRA AMARAL, SAMUEL OLIVEIRA CUNHA MARQUES, JOZELDA LEMOS DUARTE