XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Papel de biomarcador no auxílio da estratificação de risco de displasia em Esôfago de Barret (EB) - um relato de caso

Resumo

Apresentação do Caso
Homem, 39 anos, histórico médico de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) foi submetido à endoscopia digestiva alta (EDA) por recidiva de sintomas. O exame revela uma mucosa compatível com EB de aproximadamente 1 cm de comprimento. Na lâmina própria foram observados grupamentos de células com citoplasma escasso e núcleo levemente alongado e hipercromático, levantando a possibilidade de um tumor neuroendócrino. O estudo imunohistoquímico revelou uma coloração positiva para pan-citoqueratina AE1/AE3 nas células glandulares (CG) e no revestimento escamoso (RE); positivo para Ki-67 em até 5% no terço basal do RE e nas cg adjacentes, e 40% nos focos de epitelização colunar e no grupamento celular de interesse; positivo para CD45/LCA. Anatomopatológico negativo para displasia. Realizado o tratamento com Esomeprazol 40mg/dia, com melhora de sintomas.

Discussão
O EB é caracterizado pela substituição do epitélio escamoso estratificado por epitélio colunar metaplásico no esôfago distal. Sua importância reside no fato de ser o único precursor conhecido do adenocarcinoma esofágico (ACE), que obedece a sequência metaplasia-displasia-adenocarcinoma. A incidência do EB aumentou nos últimos anos paralelo ao aumento da prevalência da DRGE e da obesidade, e seu diagnóstico é feito através da EDA com biópsias de esôfago; não há consenso entre as principais sociedades mundiais acerca da necessidade da presença de metaplasia intestinal para efetuá-lo. São necessários biomarcadores preditivos para justificar o tratamento precoce ou o acompanhamento (dentre eles o Ki-67 foi o mais promissor) para melhor estratificação de risco no EB não-displásico. Sugere-se que há um aumento de sua atividade proliferativa, apresentando o melhor poder discriminativo, de forma que qualquer expressão de Ki-67 na superfície do epitélio do EB deve ser considerada anormal e associada a alto risco de progressão, conforme apresentando no caso descrito. Contudo, os estudos são conflitantes quanto à prevalência do Ki-67 no ACE e no EB e seu valor prognóstico.

Comentários Finais
No que tange o prognóstico do paciente com EB, a triagem endoscópica é o método que tem maior impacto na vigilância de pacientes e na detecção de displasias e ACE. O uso auxiliar do Ki-67 melhorou a padronização entre as avaliações anatomopatológicas. O diagnóstico final, entretanto, deve ser confirmado por um segundo patologista tendo em vista a minimização de erros por variabilidade interobservador.

Área

Gastroenterologia - Esôfago

Autores

Edmundo Damiani Bertoli, Mariana Frassetto Velho, Plinio Cesar Dias Cardoso, Nathalia Siqueira Julio