XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

REMISSÃO COMPLETA DE CARCINOMA ESPINOCELULAR DE ESÔFAGO APÓS NEOADJUVÂNCIA COM ESQUEMA CROSS

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO: Paciente feminina, 61 anos, admitida no ambulatório de cirurgia oncológica com queixa de pirose retroesternal e regurgitação há 1 ano. Negava outros sintomas, e tinha exame físico inocente. Peso de 59kg, e superfície corporal de 1,6m². Tabagista, com carga tabágica de 90 anos-maço. Por investigação complementar diagnosticou-se carcinoma espinocelular (CEC) em terço médio de esôfago G1 cT1N1M0. Endoscopia digestiva alta (EDA) evidenciou pólipo esofágico YAMADA II, xantelasma e lesão esofagiana em terço médio, a 30 cm da arcada dental superior (ADS), com mucosa apresentando solução de continuidade menor que 5 mm em terço distal. Anatomopatológico descreveu lesão como neoplasia intra-epitelial de alto grau (CEC in situ), e estudo do estômago evidenciou pangastrite crônica leve e H. pylori 1+/4. Iniciado tratamento neoadjuvante segundo esquema CROSS no dia 03/11/21 com previsão de esofagectomia videolaparoscópica. Realizados 5 ciclos semanais de quimioterapia (QT) com paclitaxel 80mg e carboplatina 160mg concomitante a radioterapia (RT) tridimensional em tórax, no total de 23 aplicações de 180 cGy em esôfago, com dose total de 41.4 Gy até 10/12/21. Reestadiamento classificou a paciente com CEC de esôfago tratado com QT/RT, atingindo resposta completa, não sendo visualizada em EDA a lesão supracitada, mesmo após cromoscopia eletrônica. Sem sugestão de malignidade em novas tomografias, optou-se por seguimento ambulatorial após melhora clínica, com resolução dos sintomas dispépticos, ganho ponderal e ausência de disfagia. DISCUSSÃO: O esquema CROSS consiste na administração de QT/RT, seguida de cirurgia, demonstrando melhor desfecho comparado ao tratamento cirúrgico isolado, com menor incidência de recidiva, principalmente locorregional. O ensaio clínico multicêntrico de validação deste esquema incluiu 171 pacientes randomizados para passar por QT+RT e 188 para cirurgia isolada. Em cada grupo, 161 passaram por ressecção. Remissão completa foi alcançada por 29% dos pacientes do grupo QT/RT, não relatado no estudo original ou sua atualização de 10 anos sem realização de ato cirúrgico. COMENTÁRIOS FINAIS: A paciente teve evolução atípica, com remissão endoscópica total após ciclos de QT/RT sem esofagectomia. Apesar da QT ter benefício na sobrevida global dos pacientes, não se pode descartar a possibilidade de que essa abordagem apenas adie a morte por câncer de esôfago, sendo optado o seguimento ambulatorial com monitorização de recidiva.

Área

Cirurgia - Esôfago

Autores

Nicolle Rosa Luz, Vinicius Lemos Nascimento, Álvaro Guimarães Vieira, Tiago Oliveira Vaz, Luiz Claudio de Freitas Melo, Daniel Bispo de Sousa, Thiago Oliveira Freitas Becker