XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Tratamento endoscópico de volvo gástrico secundário a hérnia hiatal, relato de um caso bem sucedido.

Resumo

Masculino, 78 anos atendido ambulatorialmente com queixa de dor epigástrica, distensão abdominal, náuseas e vômitos recorrentes associado a perda de peso. A endoscopia identificou esofagite erosiva associada a hérnia hiatal paraesofágica volumosa, e interrogada presença de volvo gástrico. A tomografia confirmou a hérnia hiatal, e evidenciou protusão de antro e piloro para cavidade torácica, com rotação sobre seu próprio eixo e dilatação a montante.
Inicialmente indicada hiatoplastia com fundoplicatura e gastropexia, porém, devido às comorbidades do paciente, o risco cirúrgico foi proibitivo. Tentada passagem de sonda nasoenteral para nutrição, sem sucesso, iniciado então dieta parenteral e mantida sonda nasogástrica aberta. Após rediscussão optado por realização de gastrostomia endoscópica terapêutica sob técnica de tração. Procedimento realizado com sucesso, sendo reduzida a câmara gástrica para cavidade abdominal e fixado o estomago à parede abdominal. Paciente evoluiu bem, atualmente com dieta via oral e via gastrostomia.
Volvo gástrico é definido como rotação do estômago sobre seu próprio eixo além 180° e pode estar associado a sofrimento vascular e obstrução. Sua etiologia contempla causas idiopáticas ou secundárias a alterações anatômicas do estômago, sendo a hérnia paraesofágica a mais frequente, como no caso relatado. Apresenta-se de forma aguda ou crônica, e sua clínica é classicamente composta pela tríade de Borchad (dor em abdome superior, náuseas e impossibilidade de passagem de sonda nasogástrica). Exames de imagem são fundamentais para o diagnóstico, sendo a tomografia, o exame de escolha. A endoscopia tem menor acurácia diagnóstica, mas possibilita a terapêutica em casos selecionados. O tratamento de escolha é cirúrgico, e a endoscopia terapêutica é reservada a pacientes com estado geral comprometido ou como terapia provisória. No caso descrito, o paciente apresentou quadro inespecífico, porém com exame de imagem típico, com destaque para a migração do piloro identificada na tomografia.
O volvo gástrico é uma entidade incomum, porém, deve ser lembrado dentre os diagnósticos diferenciais nos quadros obstrutivos do trato gastrointestinal. O diagnóstico precoce é fundamental e, sempre que possível, o tratamento deve ser cirúrgico e preferencialmente videolaparoscópio. Em casos selecionados, como o relatado, o tratamento endoscópico pode ser instituído, apresentando bons resultados.

Área

Cirurgia - Estômago

Autores

Lara Silva Paixão, Nicolas Pivoto, Aléxis Coelho Aguiari, Marco Aurélio Leão Beltrami, Bárbara Parente Coelho, Mauro Masson Lerco, Maria Aparecida Coelho de Arruda Henry, Walmar Kerche de Oliveira