XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Transplante de fígado após ressecção de veia cava: Relato de caso.

Resumo

Relato de caso: Mulher, 33 anos, previamente hígida. Realizou tomografia computadorizada devido calculose renal, na qual foi evidenciada tumoração de 21 centímetros acometendo fígado, vesícula biliar e veia cava inferior. Em outro serviço, foi submetida a hepatectomia direita, colecistectomia e adrenalectomia direita, com necessidade de ressecção da veia cava retrohepática. O anátomo-patológico foi compatível com teratoma cístico maduro. Três anos após, iniciou quadro de anasarca e ascite, e ressonância magnética do abdome foi sugestiva de Síndrome de Budd-Chiari secundária à manipulação cirúrgica. Avaliada em nosso serviço, foi indicado o tratamento com transplante ortotópico de fígado (TOF) por situação especial devido ascite refratária ao tratamento clínico. Devido à ausência de veia cava retrohepática, foi realizada anastomose da veia cava supra-hepática do doador com o átrio direito do receptor através de acesso transdiafragmático.
Foi encaminhada a UTI no pós-operatório (PO) imediato. No 10º PO houve saída de secreção biliar pelo orifício do dreno e foi realizada colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, com esfincterotomia biliar, dilatação e passagem de prótese. Controle tomográfico evidenciou ascite leve e anastomoses vasculares pérvias. Apresentou boa evolução, recebendo alta no 18º PO, mantendo-se em seguimento, sem intercorrências.

Discussão: A síndrome de Budd-Chiari é uma condição decorrente da obstrução do efluxo venoso hepático, cuja fisiopatologia é complexa e multifatorial. e pode levar a quadro de hipertensão portal e suas consequências, como ascite de difícil controle. O tratamento envolve uso de diuréticos, anticoagulação e terapias endovasculares de descompressão. Para os pacientes que não apresentam controle com essas medidas, o TOF deve ser considerado. No caso, a paciente apresentou a síndrome secundária à manipulação cirúrgica, e, devido ao diagnóstico de ascite refratária sem resposta ao tratamento clínico, foi realizado TOF, com a realização de anastomose de veia cava de maneira desafiadora e pouco usual, já que envolveu a necessidade de acesso transdiafragmático para realização da anastomose da veia cava supra-hepática do enxerto ao átrio direito da receptora.

Comentários finais: Em casos de pacientes com Síndrome de Budd-Chiari o transplante hepático deve ser considerado no arsenal terapêutico, e a anastomose cavo-atrial por acesso transdiafragmático, embora desafiadora, é uma opção factível e com bons resultados.

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

Fernanda Dias Teramoto, Aline Garcia, Paolla Ravida Alves Macedo, Roque Beltrão Batista, Alexandre Foratto, Cristhian Jaillita Menezes, Simone Reges Perales, Ilka De Fatima Santana Ferreira Boin, Elaine Cristina Ataide