XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

PARACOCCIDIOIDOMICOSE DISSEMINADA COM ACOMETIMENTO GASTROINTESTINAL NA GESTAÇÃO: RELATO DE CASO

Resumo

Apresentação do caso: ACFC, feminino, 26 anos, sem comorbidades, apresentando dor abdominal, diarreia líquida e perda ponderal há cinco meses. Laboratório com transaminases e enzimas canaliculares elevadas. Tomografia computadorizada de abdome identificou ileíte e ascite moderada. À colangioressonância foi visualizado espessamento parietal das vias biliares extra-hepáticas, vesícula biliar e redução do calibre do terço médio do colédoco, na topografia de inserção do ducto cístico. Colonoscopia com colite ulcerada de cólon direito e válvula íleo-cecal, cujas biópsias evidenciaram processo inflamatório crônico granulomatoso com elementos fúngicos leveduriformes. Coloração pela prata confirmou paracoccidioidomicose. Após diagnóstico, submetida a internação hospitalar para tratamento, referindo na ocasião da admissão amenorreia há cerca de três meses. Dosagem de B-HCG confirmou gravidez, com idade gestacional estimada em 12 semanas. Optado por terapia inicial com Anfotericina B seguido por manutenção com Itraconazol. Após tratamento, apresentou melhora dos sintomas gastrointestinais e colestase, aguardando término da gestação para realizar exames radiológicos e endoscópicos de seguimento, atualmente no 3º trimestre gestacional, sem intercorrências. Discussão: A paracoccidioidomicose é uma micose sistêmica endêmica no Brasil, causada pelos fungos do gênero Paracoccidioidis, com apresentação multifacetada. O diagnóstico durante o período concepcional caracteriza gestação de alto risco. Está relacionada ao aumento de abortos, natimortos e prematuridade, sendo preconizado tratamento agressivo. A droga de escolha é a Anfotericina B, considerada potente e segura. Sulfametoxazol-trimetoprim deve ser evitado no 1º e 3º trimestres, pelo risco de defeitos de fechamento do tubo neural e kernicterus neonatal, respectivamente. Imidazólicos também devem ser evitados no início da gestação por potencial risco teratogênico. A terapia deve ser mantida durante todo o pré-natal para evitar reativação da doença, sendo considerada a sua suspensão após o parto, utilizando os critérios de cura usuais. Comentários finais: A paracoccidioidomicose é infecção fúngica com potencial gravidade. A forma disseminada é pouco comum em mulheres jovens, sobretudo com acometimento predominante gastrointestinal. Na gestação, pode agregar desfechos materno-fetais negativos, sendo importante alta suspeição para o diagnóstico e conhecimento sobre as particularidades da terapia para adequado manejo.

Área

Gastroenterologia - Miscelânea

Autores

Thais Porphirio de Oliveira, Anna Luiza Pereira Alvarães, Caroline de Oliveira Bandeira Silva, Carolina Passos Telles Taveira Martins, Isabel Fonseca Santos, Cesar Augusto da Fonseca Lima Amorim, Márcio de Carvalho Costa