XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: AUMENTO DAS AMINOTRANSFERASES PELO USO DO INFLIXIMABE EM PACIENTE COM RCUI

Resumo

Apresentação
Sexo feminino, 26 anos, hipertensa e quadro prévio de síndrome hemolítica urêmica, diagnosticada em 2019 com retocolite ulcerativa (RCU), com acometimento do cólon esquerdo com atividade de moderada a grave, falhada a mesalazina e com intolerância gastrointestinal à azatioprina. Estava em uso regular de losartana, hidroclorotiazida, anticoncepcional oral (levonorgestrel e etinilestradiol) e infliximabe (IFX) 5 mg/kg a cada 8 semanas. Negava uso de álcool e ervas medicinais.
Após 21 meses de uso do IFX a paciente evoluiu com elevação assintomática de aspartato aminotransferase (57 U/L) e alanina aminotransferase (99 U/L). Para elucidação diagnóstica foram realizadas sorologias virais, perfil imune, ferrocinética, perfil de cobre e marcadores para doença celíaca que não revelaram alterações. Também foi solicitado ultrassom de abdome total com doppler que não evidenciou anormalidades.
Diante do aumento progressivo das aminotransferases (AST: 110 U/L e ALT: 399U/L), foi realizada biópsia hepática percutânea, na qual evidenciou atividade necroinflamatória periportal e perisseptal, sugestiva de lesão hepática induzida por drogas (DILI). Após três anos do início da medicação, o IFX foi substituído pelo vedolizumabe e após alguns meses houve normalização das aminotransferases séricas.

Discussão
O infliximabe pode causar elevações das aminotransferases séricas, que geralmente surgem após duas a cinco infusões. Essas elevações podem ser transitórias e geralmente assintomáticas, mas em alguns casos tornam-se progressivamente maiores a cada infusão, necessitando descontinuação.
Os níveis séricos de fosfatase alcalina também podem aumentar, mas geralmente em menor grau. A progressão para hepatite sintomática com icterícia também pode ocorrer, mas as anormalidades nos testes hepáticos geralmente desaparecem dentro de 4 a 12 semanas após a interrupção do tratamento.

Comentários finais
O risco de hepatotoxicidade associado aos inibidores de TNF-alfa parece ser pequeno e a maioria dos relatos de desfechos hepáticos graves refere-se ao infliximabe. É importante o monitoramento das aminotransferases para que se houver um aumento após início da infusão com o infliximabe, a possibilidade de DILI seja aventada, e se afastada outras causas, a interrupção da droga seja imediata.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Juliana Delgado Brilhante Leitão, Fernando Jorge Firmino Nóbrega, Ricardo Siqueira Doduo Silva, Gabriella Campos Ferreira Almeida, Preci Kelly Moura Santiago, Amanda Coelho Xavier Gomes, Matheus Amorim Martins, Marcelo Vicente Toledo Araújo, José Eymard Moraes Medeiros Filho, Juliana Barbosa Lima