XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

USO DE TERAPIA ENDOSCÓPICA COM PRESSÃO NEGATIVA (VÁCUO) E ADESIVO TISSULAR PARA TRATAMENTO DE EXTENSA FISTULA TRAQUEOESOFÁGICA PÓS ESOFAGECTOMIA

Resumo

O tratamento das fístulas gastrointestinais requer um manejo multidisciplinar, indo desde o diagnóstico, controle de infecção, nutrição, avaliação para necessidade de drenagem de coleções até a escolha do melhor método de intervenção para o seu fechamento. Descrevemos um caso em que foi usada terapia a vácuo e colagem de fibrina por via endoscópica com sucesso como modalidade terapêutica para fístula traqueoesofágica pós esofagectomia. Paciente do sexo masculino de 53 anos, iniciou quadro de disfagia, astenia e emagrecimento. Após investigação, foi feito o diagnóstico de carcinoma escamocelular em esôfago distal, moderadamente diferenciado, invasor (EC III). Foi optado por tratamento neoadjuvante, e após exames de re-estadiamento, foi submetido a esofagectomia total em 3 campos com acesso torácico por videocirurgia e reconstrução utilizando tubo gástrico. O pós-operatório se deu em UTI, sem necessidade de ventilação mecânica e em boas condições hemodinâmicas, com uso de baixas doses de drogas vasoativas. No 12º PO, iniciou com instabilidade hemodinâmica associada a desconforto respiratório e saída de ar pela ferida cervical. Uma fibrobroncoscopia diagnóstica revelou traqueobronquite aguda leve com secreção purulenta abundante à esquerda e presença de fístula traqueomediastinal em traqueia distal, sendo realizada reabordagem cirúrgica com enxerto bovino para fechamento da mesma, sem sucesso. Após tratamento conservador por 18 dias, sem melhora significativa do quadro, foi optado por intervenção endoscópica com terapia a vácuo. Realizou tratamento endoscópico utilizando pressão negativa intraluminal esofágico por 3 semanas, com trocas e reavaliações periódicas, até redução significativa do orifício fistuloso. Após 3 meses, realizou exame contrastado endoscópico, o qual evidenciou pequeno trajeto fistuloso. Foi submetido à nova abordagem endoscópica com injeção de cola de fibrina, recebendo alta 1 semana após. Atualmente, 2 anos após a intervenção, o paciente se encontra sem queixas de disfagia ou respiratórias, e exames contrastado e endoscópico revelaram fechamento completo da fístula. O desenvolvimento de fístula traqueoesofágica é uma rara complicação associada a uma alta mortalidade em pacientes submetidos à esofagectomia. Opções de tratamento hoje dependem de condições, como vascularização do conduto gástrico, a gravidade da pneumonia aspirativa e o volume do vazamento de ar, e usualmente podem incluir tanto intervenção cirúrgica como endoscópica.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Larissa Machado e Silva Gomide, Eduardo Aimore Bonin, Maria Alice Zarate Nissel, Isabella Corrêa de Oliveira, Alan Junior de Aguiar, Leticia Rosevics, Bruna Streppel Fossati, Fabio Terabe