XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Vômitos no Pós-operatório de Fundoplicatura: Um Inconveniente para o Paciente, Um Risco para a Cirurgia e um Desafio para o Cirurgião - Relato de caso

Resumo

Apresentação do Caso:
Paciente do sexo masculino, 32 anos, submetido à Fundoplicatura Nissen por videolaparoscopia há 7 anos para tratamento da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) refratária a medicamentos e associada à Hérnia Hiatal realizada com sucesso, porém o paciente apresentou crises de Cólica Nefrética em seu pós-operatório imediato (POI) e evoluiu com vômitos recorrentes e necessidade de Ureterorrenolitotripsia. Endoscopia digestiva alta (EDA) anual de controle, após 5 anos, evidenciou soltura parcial da válvula antirrefluxo, sendo mantido o tratamento conservador e, há 4 meses, com piora da pirose, buscou assistência médica. EDA revelou desordem anatômico-funcional por migração/destruição da válvula e esgarçamento da hiatoplastia com formação de hérnia mista (por deslizamento e paraesofágica). Encaminhado para realizar reabordagem cirúrgica videolaparoscópica e realizada reacomodação do fundo gástrico e esôfago distal no abdome, reconstrução da Fundoplicatura à Nissen, Hiatoplastia com fixação de tela por meio de pontos separados. Apesar da dificuldade técnica, o paciente apresentou boa evolução pós-operatória, estando sem queixas. Dreno abdominal foi retirado no 7º dia pós-operatório e foi prescrito dose diária de Dexlansoprazol (60mg) a qual, atualmente, segue em desmame gradual.
Discussão:
Apesar da fundoplicatura ser uma técnica reconhecidamente eficaz no tratamento do DRGE, existem alguns fatores de risco para mau resultado do procedimento, levando até a necessidade de reabordagem cirúrgica, como a presença de vômitos no pós-operatório. Como o paciente apresentou episódios frequentes de êmese associados à Cólica Nefrética no POI, a pressão intra abdominal se elevava com frequência, favorecendo o esgarçamento da Hiatoplastia, a Destruição da Fundoplicatura e a migração do estômago para o tórax. Pacientes que apresentaram vômitos no POI possuem risco de evoluir com prejuízos anátomo-funcionais na transição esôfago-gástrica.
Comentários Finais:
Portanto, mesmo que o paciente entre nos critérios de indicação ao tratamento cirúrgico para DRGE, devemos analisá-lo como um todo, para identificar e minimizar fatores de risco para os vômitos no POI. A experiência do cirurgião e a boa condução do pré e pós-operatório identificam fatores preditivos de êmese no POI e assim abordá-los oportunamente (nesse caso poderia ter sido abordada a urolitíase previamente à primeira intervenção), reduzindo as chances de complicações e de reabordagens cirúrgicas.

Área

Cirurgia - Estômago

Autores

Thiago Câmara de Souza Barbalho, José Eduardo Nóbrega Moura, Gabriel Melo Caldas Nogueira, Pietro Austregesilo Nogueira, Pedro Vilar de Oliveira Villarim, Caio de Oliveira Rabelo, Rafael Saldanha Alecrim, Jose Luiz de Souza Neto