XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

TUMOR DE CÉLULAS GRANULARES (TUMOR DE ABRIKOSSOFF) DO ESTÔMAGO : UM RELATO DE CASO.

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO
Mulher, 55 anos, tabagista e etilista, com história de dor epigástrica há 2 anos. EDA evidenciou lesão elevada submucosa em grande curvatura de corpo proximal de 12 mm de diâmetro, com bordas endurecidas e convergência de pregas. Biópsias mostraram gastrite crônica. Tomografia Computadorizada (TC) de abdome localizou formação nodular na parede da grande curvatura gástrica. Ecoendoscopia viu lesão hipoecóica, heterogênea, bem delimitada, medindo 20x12mm, localizada na muscular própria, sugestiva de tumor estromal gastrointestinal (GIST). Indicada para gastrectomia segmentar videolaparoscópica + EDA transoperatória, que teve os seguintes achados: tumoração de 2cm em fundo gástrico, sem comprometimento da serosa. A análise anatomopatológica revelou tumor de células granulares, acometendo as camadas submucosa, muscular própria e subserosa, com margens livres. A imunohistoquímica foi positiva para os marcadores S100 e Ki67, confirmando o diagnóstico. Está em acompanhamento há 5 anos, sem sinais de recidiva.
DISCUSSÃO
O tumor de células granulares (GCT; sigla para Granular cell tumor ) foi descrito pela primeira vez pelo patologista russo Alexei I. Abrikossoff em 1926, e é chamado também de "Tumor de Abrikossoff". É uma patologia rara localizada predominantemente em tecidos subcutâneos. O acometimento do trato gastrointestinal é ainda mais raro, com apenas 10% dos casos. O GCT gástrico tem poucos casos descritos na literatura mundial. Cerca de metade dos pacientes são assintomáticos e o diagnóstico é geralmente acidental durante a EDA. Macroscopicamente, à endoscopia, as lesões são branco-amareladas, únicas, sésseis e cercadas por mucosa de aspecto normal. Na microscopia e imunohistoquímica, as células apresentam similaridade com células de Schwann, com coloração positiva para a proteína S100, sugerindo origem neural. Na maioria dos casos o GCT é benigno, porém, pacientes com lesões grandes apresentam potencial de malignidade. As biópsias devem ser múltiplas e profundas, mas podem ser inconclusivas. A excisão endoscópica é o tratamento de escolha na ausência de invasão muscular, caso contrário, opta-se pela ressecção cirúrgica.
COMENTÁRIOS FINAIS
Apesar de raros, os GCT devem fazer parte do diagnóstico diferencial de tumores estromais no trato gastrointestinal, tendo as biópsias endoscópicas um papel importante em seu diagnóstico. A ressecção da lesão é o tratamento adequado, em função do seu potencial de malignização.

Área

Cirurgia - Estômago

Autores

Luiza Campos Corrêa de Araújo, Bruna Ferraz Gutierrez Piola, Luis Felipe Pohlmann Tabarelli, Camila Souza Freitas, Gabriela Bacelar Gama Vieira, Henrique Setti Lacerda, Fernanda Braga Torres, Daniel Oliveira Araújo, Victor Ferraz Gutierrez Piola, João Victor Bezerra de Mello Cozer, Leonardo Augusto Barbosa Magalhães Simões, Ícaro Luan Cordeiro da Costa Moura, Alvaro Antonio Bandeira Ferraz, José Guido Corrêa de Araújo jr