XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Sinal de Sister Mary Joseph em paciente com câncer de vesícula biliar: o mal que emerge e não pode ser esquecido

Resumo

Apresentação do caso: Z.S.F, 76 anos, feminina, natural e procedente de Paulo Afonso-BA. Queixa de dores abdominais difusas e perda de cerca de 20kg em aproximadamente dois meses. Também notou surgimento de lesões em pele, dolorosas, em época não definida. À inspeção, as lesões de pele apresentam-se como nódulos metastáticos em região umbilical e periumbilical, dolorosas mesmo à leve mobilização, o Sinal de Sister Mary Joseph. Relato de colelitíase diagnosticada em 2001, sem sintomas à época, não tendo sido buscado tratamento. Tomografia Computadorizada (TC) revelou lesão sólida em região umbilical, linfonodomegalias com sinais de comprometimento, linfonodomegalias na cadeia peri-aórtica, além de lesão expansiva com realce pós-contraste heterogêneo no leito vesicular envolvendo o parênquima hepático adjacente, e hepatocolédoco dilatado.
Discussão: O nódulo da Irmã Mary Joseph é um sinal dermatológico que representa, em grande parte, metástases de adenocarcinomas. A existência desse nódulo aponta para a existência de neoplasia interna disseminada, que costuma ter origem na cavidade abdominal, principalmente do sistema gastrointestinal. A disseminação da lesão pode ocorrer por contiguidade, via hematogênica ou linfática, e esta deve ser diferenciada entre outros possíveis diagnósticos como hérnia umbilical, endometriose, queloide, entre outros. Se afastada malignidade, caracterizam-se como "nódulos da pseudo-sister Mary Joseph". O diagnóstico em questão foi possibilitado pela combinação da inspeção, análise anatomopatológica da lesão e TC. O tempo médio de sobrevida quando a ressecção não é possível é de 11 meses, menos de 15% dos pacientes sobrevivem após dois anos. Comentários finais: Menos de 10% das neoplasias podem se apresentar com metástases cutâneas, e aproximadamente 10% delas ocorrem na região umbilical, o que reforça a necessidade da atenção para lesões inexplicadas nessa região, sendo preciso afastar causas mais comuns e avaliar o quadro clínico do paciente, possibilitando diagnóstico precoce e aumentando as taxas de sobrevida com um tratamento curativo, quando possível, e paliativo quando necessário. Uma melhor compreensão sobre esse sinal semiológico e sua relação com as neoplasias de cavidade abdominal pode auxiliar no seguimento terapêutico e na qualidade de vida dos pacientes oncológicos, reduzindo danos às pessoas e custos ao sistema de saúde.

Área

Gastroenterologia - Pâncreas e Vias Biliares

Autores

Eduardo Raimundo Ramos dos Santos Júnior, Laís Kércia Araújo Assunção , Santino Herculano Lima Neto, Gabriela Azevedo Foinquinos, Carina Lucena de Medeiros, Jarbas Delmoutiez Ramalho Sampaio Filho