Dados do Trabalho
Título
Adenocarcinoma colorretal e de margem anal sincrônicos: uma apresentação incomum
Resumo
Apresentação do Caso: A.T.L, 75 anos, masculino, natural de Paulo Afonso-BA. Queixa de sangramento nas fezes, iniciado como raias de sangue, mas evoluindo até sangramento profuso em episódio isolado, que motivou procura do serviço médico. Apresentou sangramento ao toque retal, e tinha a lesão em margem anal visível à inspeção. Relatou dor abdominal e perda de peso com piora nos últimos três meses. História pessoal de etilismo. Submeteu-se à colonoscopia e os resultados demonstraram lesão vegetante em margem anal, sem contiguidade aparente com lesão do reto, e lesão vegetante e estenosante em reto proximal e sigmoide distal. Demais segmentos colônicos estão preservados. Biópsia de lesões revelou adenocarcinomas bem diferenciados e infiltrantes. Estadiamento com TC de tórax e abdome afastaram metástases à distância. Programadas radioterapia e quimioterapia neoadjuvantes. Discussão: O câncer colorretal (CCR) é o terceiro em mortalidade no país, O adenocarcinoma colorretal costuma apresentar contiguidade com neoplasias de margem anal, apresentando-se em uma configuração proximal-distal, e a apresentação distal-proximal, descontínua com o tumor colorretal, destaca a neoplasia de margem anal em questão. Questiona-se se as neoplasias têm relação entre si desde a sua gênese, se uma disseminação local foi possível, ou ainda se são entidades independentes. O sexo masculino é uma das variáveis a serem consideradas para pesquisa de neoplasias sincrônicas, reforçando a necessidade de rastreamento cuidadoso, sobretudo para pacientes com fatores de risco como a idade avançada, sedentarismo, etilismo crônico, fatores genéticos ou doenças inflamatórias intestinais. Destaca-se que todo o intestino grosso está sujeito aos mesmos fatores de risco, e a partir daí surge o conceito de neoplasia sincrônica, quando é diagnosticada ao mesmo exame ou ato cirúrgico. Considerações finais: A apresentação sincrônica das neoplasias reforça que um mesmo órgão, mesmo tão extenso, é sujeito aos fatores de risco que podem incidir sobre ele, de modo a propiciar o aparecimento de lesões com curtas ou longas distâncias entre si, sendo que no caso em questão deve ser reforçada a atenção para diferenciar as lesões, e em casos de distâncias maiores todo o órgão deve ser explorado para afastar outras lesões, destacando a importância de não apenas a retossigmoidoscopia ser utilizada, mas da colonoscopia como padrão-ouro para o diagnóstico do CCR.
Área
Endoscopia - Colonoscopia
Autores
Eduardo Raimundo Ramos dos Santos Júnior, Laís Kércia Araújo Assunção, Dário Nunes Moreira Júnior, Marisa Gabriela Maciel Gonçalves, Carina Lucena de Medeiros, Jarbas Delmoutiez Ramalho Sampaio Filho