XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

TUBERCULOSE APENDICULAR: UMA MANIFESTAÇÃO ATÍPICA DE DOENÇA

Resumo

Mulher, 25 anos, admitida com dor em fossa ilíaca direita(FID) há 20 dias, com piora nos últimos 7 dias, associada a náuseas, vômitos, febre noturna e perda de peso não mensurada. Nega sintomas respiratórios. Ao exame, regular estado geral, taquicárdica, abdome plano, flácido e doloroso à palpação em FID e hipogástrio, Blumberg positivo. Exames laboratoriais dentro da normalidade. Ultrassonografia abdominal sugeriu apendicite aguda, confirmada pela Tomografia de abdômen, que evidenciou líquido livre e apêndice cecal de calibre aumentado com paredes espessadas e a presença de pequenas coleções adjacentes em sua extremidade distal, indicando processo inflamatório condizente com apendicite aguda complicada. A paciente foi submetida a videolaparóscopia com apendicectomia e biópsia excisional de mesoapêndice por lesões peritoneais e ileocecoapendiculares suspeitas de tuberculose. A microscopia indicou processo inflamatório crônico granulomatoso com necrose central do apêndice e do mesoapêndice, e apesar do resultado negativo na pesquisa de bacilos e fungos, pode-se confirmar o diagnóstico de tuberculose apendicular. Realizado antibiótico, além do tratamento com esquema RIPE e encaminhado paciente para acompanhamento ambulatorial.
A tuberculose gastrointestinal corresponde a 3% da tuberculose extrapulmonar, sendo o região ileocecal o local mais comum. O acometimento apendicular é raro e sua apresentação como abscesso apendicular é ainda mais rara
A transmissão pode acontecer pela deglutição do escarro contaminado ou pela extensão da tuberculose íleocecal, sendo mais comum em paciente imunocomprometidos. A tuberculose apendicular simula um quadro de abdômen agudo inflamatório, sendo dificilmente diferenciada inicialmente de apendicite aguda. Pode-se suspeitar no intraoperatório, caso seja visível alterações sugestivas, como observado no caso, de espessamento ileocecal e nódulos intestinais. Porém, em sua maioria o diagnóstico definitivo é alcançado com biopsia da peça cirúrgica.
A apendicite tuberculosa é uma manifestação rara, portanto, devido a sua raridade e ausência de qualquer achado clínico e radiológico específico, seu diagnóstico se torna um desafio, sendo na maioria do casos feito apenas com exame anatomopatológico.

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

CAROLINE AMPARO FERREIRA, RIDER MAY CEDRO, JULIA BORBA SOUZA, ANDRESSA BORBA SOUZA, KAIO LUNNO SILVA SANTOS, MARIA EDUARDA BONIFACIA CARVALHO BATISTA