Dados do Trabalho
Título
Linfoma duodenal indolente em paciente com história de dor epigástrica
Resumo
Apresentação do caso: L.T.V, 41 anos, feminina, natural e procedente de Delmiro Gouveia/AL. Queixa de dor epigástrica sem período definido. Paciente sem comorbidades ou sinais de alarme. Abandonou tratamento farmacológico recentemente para transtorno de ansiedade. Durante a endoscopia digestiva alta em segunda porção duodenal foram encontradas lesões polipoides de coloração esbranquiçada, algumas delas coalescentes, alternadas a focos de apagamento de pregas. Biópsia de fragmentos de mucosa duodenal mostrou mucosa duodenal com boa relação vilosidade: cripta (proporção de 3 a 4:1) com infiltração difusa e nodular do córion, composta majoritariamente por linfócitos pequenos. Entretanto mostrou aumento do número de linfócitos intraepiteliais, contando-se até 36 linfócitos para cada 100 enterócitos, sugerindo possível doença linfoproliferativa. Imunoistoquímica de fragmento de mucosa duodenal apresentou anticorpos CD20 positivo, Ki67 positivo 15%, CD79a positivo, BCL6 positivo nos centros germinativos, Bcl2 positivo dentro e fora dos centros germinativos, KAPPA, LAMBDA e CD10 positivos, correspondendo a Linfoma Folicular do tipo Duodenal. A paciente está em tratamento com esomeprazol 20 mg por dia, com melhora dos sintomas. Discussão: O Linfoma Folicular Duodenal (LFD) diz respeito a uma neoplasia de células B imaturas. É uma doença rara, correspondendo somente a 1% - 3,6% dos linfomas gastrointestinais não-Hodgkin e com evolução indolente, limitada à mucosa e submucosa com padrão de crescimento folicular, dificilmente progredindo para um estágio mais avançado, mesmo sem tratamento. O diagnóstico geralmente é imprevisto, devido ser uma apresentação assintomática em sua maioria. Entretanto, o surgimento da sintomatologia costuma ser inespecífica. A conduta mais indicada aparenta ser o acompanhamento dos pacientes com a supervisão da endoscopia de forma rotineira. Comentários finais: O LDF é uma doença rara, e não dispõe de um tratamento específico bem estabelecido, sendo geralmente assintomática. É, portanto, um diagnóstico incidental. Todavia, quando há sintomas, estes costumam ser inespecíficos e potencialmente não relacionados ao caso. Esses aspectos reforçam a necessidade da exploração das porções iniciais do duodeno em endoscopias de rotina para diagnóstico e manejo terapêutico corretos.
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
Laís Kércia Araújo Assunção, Eduardo Raimundo Ramos dos Santos Júnior, Dário Nunes Moreira Júnior, Marisa Gabriela Maciel Gonçalves, Carina Lucena de Medeiros, Jarbas Delmoutiez Ramalho Sampaio Filho