XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

INÍCIO DE APRESENTAÇÃO DE RETOCOLITE ULCERATIVA APÓS COLECTOMIA POR NEOPLASIA: A CIRURGIA COMO GATILHO PARA DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL? – UM RELATO DE CASO

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO: Paciente, sexo feminino, 56 anos, admitida por hematoquezia e perda ponderal há 3 meses, sem sintomas obstrutivos, negando quadro semelhante ou cirurgias prévias, tendo sido identificado em colonoscopia apenas tumor de cólon sigmoide, sem sinais de inflamação colônica. Paciente submetida a retossigmoidectomia com colón-reto anastomose e patologia da peça cirúrgica com Adenoma Túbulo-Viloso com displasia moderada, sem outros achados. Paciente readmitida após 3 meses da cirurgia por manter hematoquezia. Realizada nova colonoscopia, que identificou lesão vegetante de cólon transverso, novamente sem evidências patológicas de malignidade, e sinais de proctite. Optada por reoperação com colectomia total e íleo-reto anastomose e patologia da peça evidenciou Neoplasia de Apêndice Neuroendócrina pT1N0M0 e microabscessos crípticos, confirmando a Retocolite Ulcerativa (RCU). Evoluiu bem no pós-operatório, em seguimento ambulatorial com bom controle da Doença Inflamatória Intestinal (DII). DISCUSSÃO: A RCU é uma doença crônica inflamatória do cólon com 2 picos de incidência (< 30 anos e 50 – 70 anos, faixa esta da paciente deste caso), costumando cursar com dor abdominal, febre, diarreia com muco/pus, porém neste caso encontramos uma apresentação atípica: hematoquezia isolada e início da apresentação da doença apenas após a 1ª cirurgia. A literatura documenta que RCU acarreta maior risco de Câncer Colorretal (CCR) e que aumenta conforme o tempo de doença. Esta paciente, todavia, apresentou 1º o quadro de neoplasia de cólon e apêndice, embora sem sinais de malignidade e só após o 1º pós-operatório manifestou a RCU. Apesar da relação bem descrita da apendicectomia como fator protetor para desenvolvimento da RCU, já há relatos sobre manifestação de DII apenas após esta cirurgia. COMENTÁRIOS FINAIS: A RCU ainda apresenta fisiopatologia não totalmente esclarecida, sabendo-se que envolve predisposição genética e fatores ambientais diversos já bem descritos (medicamentos como antibióticos, tabagismo, dieta), porém há poucos relatos sobre a relação do estresse cirúrgico com a ativação da inflamação intestinal crônica, como vimos neste caso. Destarte, apesar da multifatorialidade em questão, é de grande importância esclarecer se há relação entre o ato cirúrgico - ou fatores relacionados a ele – e o desenvolvimento de DII para se estudar meios de minimizar este risco e para melhor conhecimento dessa doença tão relevante na prática médica.

Área

Cirurgia - Cólon

Autores

Gabriela Oliveira Bagano, André Claudio Rocha, Gabriela Hawane Bortoli França Moreira, Matheus Neres Silva, Paulo Ferreira Mega, Claudio Eduardo Luiz Granja Junior, Lucas Rodgher de Lírio, Luis Felipe Silveira Mega, Viviane Vasconcelos Tajra Mendes, Paulo Henrique Pisi, Fernanda Costa Pereira