XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

VESÍCULA BILIAR EM "BARRETE FRÍGIO" – RELATO DE CASO

Resumo

Homem, 43 anos, compareceu ao Pronto-Socorro com história de dor em hipocôndrio direito há um mês, geralmente após alimentações gordurosas, com piora há 3 dias, sem outros sintomas associados. Antecedente pessoal de obesidade e uma laparotomia exploradora há 7 anos por úlcera gástrica perfurada, evoluindo com hérnia incisional que foi corrigida há 5 anos, sem outras comorbidades. Realizou ultrassonografia de abdome, evidenciando vesícula biliar com septação em região fúndica (em "barrete frígio") com barro biliar acumulado em fundo. Solicitada tomografia de abdome para investigar diagnósticos diferenciais, não sendo possível identificar a mesma alteração, demonstrando apenas sinais de esteatose hepática. A conduta tomada foi a indicação de colecistectomia videolaparoscópica. Diversas anomalias da vesícula biliar tem sido descritas desde o advento da colecistectomia, podendo ser variações de forma, localização e até mesmo de número, e são desencadeadas durante o desenvolvimento embrionário. Muitas delas não possuem significado clínico, e tornam-se achados incidentais em exames de imagem realizados por outros motivos. A anomalia congênita mais comum da vesícula biliar consiste em uma dobra no fundo, conhecida como "barrete frígio", e possui incidência de cerca de 4%. A maioria dos portadores são assintomáticos, porém, em razão dessa alteração estrutural, pode ocorrer estase biliar no corpo e fundo da vesícula, predispondo a formação de colelitíase. Essa anomalia pode ser identificada até mesmo pela ultrassonografia; no entanto, diante de tal achado, é necessária a realização de outros exames, como cintilografia, tomografia ou ressonância magnética de abdome, visando descartar outras condições como neoplasias, duplicação de vesícula biliar, vesícula em ampulheta, bem como outras anomalias congênitas, cujos achados na ultrassonografia podem ser simulados e limitados pelo método. Não há indicação de colecistectomia profilática apenas pela identificação de vesícula em "barrete frígio" visto não apresentar significado patológico, sendo o tratamento cirúrgico reservado para pacientes sintomáticos ou em associação com outras colecistopatias. Apesar de tratar-se de uma variação anatômica benigna, geralmente assintomática, seu conhecimento é importante devido ao diagnóstico diferencial com patologias de maior repercussão clínica, como neoplasias, que precisam ser investigadas para conduzir ao tratamento adequado dos pacientes.

Área

Cirurgia - Miscelânea

Autores

Nicolas Pivoto, Kamila de Bessa Penteado, Aléxis Coelho Aguiari, Lara Silva Paixão, Marco Aurélio Leão Beltrami, Marcela Maria Silvino Craveiro, Maria Aparecida Coelho de Arruda Henry, Cláudia Nishida Hasimoto, Walmar Kerche de Oliveira