XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Intoxicação exógena de cobre versus Doença de Wilson: um desafio diagnóstico

Resumo

APRESENTAÇÃO
Paciente do sexo masculino, 55 anos, operador de galvanoplastia há 5 anos com exposição a
Cobre, cromo e chumbo, portador de hipertensão arterial e depressão, sem vícios e
antecedente familiar negativo para doença de Wilson (DW).
Iniciou, em março de 2021, quadro de alucinações visuais e auditivas, parosmia, artrite
migratória de grandes articulações, disfunção erétil, associado a elevação de proteína C reativa e gamaglutamiltransferase(GGT) sem alterações de função hepática ou sintomas colestáticos. Com sorologias virais negativas, ceruloplasmina sérica(CER) reduzida e a dosagem sérica de metais pesados evidenciou valores alterados de chumbo, cromo e cobre; cuprúria elevada e presença de anéis Kayser-Fleischer(AKF). A pesquisa genética para DW foi negativa, ressonância magnética de crânio e ecocardiograma sem evidências de deposito de cobre
Após 4 meses de afastamento laboral, houve melhora das alucinações, da artralgia, exames com normalização da GGT, CER,cobre séricos e ausência de AKF, mantendo níveis de cuprúria elevado.
DISCUSSÃO
A intoxicação pelo cobre (IC) é um evento raro, as vezes fatal, podendo ser
decorrente de exposição ocupacional. A via de intoxicação geralmente é oral, também sendo
descrita a via cutânea e inalatória.
Os sintomas dependem da dosagem e do tempo de exposição. E cronicamente pode ocorrer insuficiência hepática, renal e distúrbios neuropsiquiátricos, semelhante ao curso da DW.
O diagnóstico da IC é feito com a dosagem de CER, inicialmente reduzida; dosagem de cuprúria, elevado na tentativa de depuração do excesso de cobre pelo organismo; e do cobre sérico total, normal ou discretamente elevado.
Pode ser observado o desaparecimento dos AKF, após normalização dos níveis de cobre do organismo.
O tratamento consiste em suspender a exposição ao cobre, uso de quelantes e
transplante hepático, indicados conforme a gravidade do paciente.
COMENTÁRIOS FINAIS
O cobre sérico elevado nem sempre é sinônimo de DW, sendo a idade de
início de sintomas e avaliação de sinais de cronicidade e a pesquisa genética auxilia no diagnóstico

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Sara Miranda M. de Laurentys, Maria Luiza Queiroz Miranda, Pedro Henrique Brito Oliveira Alencar, Andrea Vieira, Paulo Eugênio de Araújo Caldeira Brant, Roberto Gomes Silva Junior , Anelisa Sena Machado, Renan Abaurre Haig Santos, Caiane Santos Rios, Lucia Safatli Barbosa , Maria Zuleide Felizola Leão Almeida , Letícia Becari Cal de Souza , Verônica Grobério Nicoli, Saulo Cordeiro Paiva, Leonardo Eguimar Polesso, Perla Oliveira Shulz Mamone