XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Trombose mesentérica-portal-esplênica pós gastrectomia vertical: relato de caso

Resumo

Apresentação do Caso:
Paciente masculino, 44 anos, 107 kg, hipertenso, hepatite B crônica há 14 anos (tenofovir crônico) e artrose de quadril, submetido a gastrectomia vertical e hiatoplastia por via videolaparoscópica, sem intercorrências pós operatórias precoces, recebendo alta no 2º dia pós-operatório (DPO). Iniciou dor epigástrica em queimação e cólica no 12º DPO, buscou serviço de emergência duas vezes, recebendo sintomáticos e alta após melhora. Intensificação de dores epigástricas com adição de dor em região dorsal, associadas a dispneia no 19º DPO dispneia. Tomografia computadorizada (TC) contrastada evidenciou sinais de trombose aguda envolvendo veia porta e seus ramos intra-hepáticos, veia esplênica e veia mesentérica superior e seus ramos, transferido a unidade de terapia intensiva (UTI). Realizado anticoagulação por 5 dias, suspensa para realização de procedimento vascular no dia 24º DPO. Na tentativa de trombólise foram encontrados sinais de trombose crônica com não progressão do cateter sem a possibilidade de realizar a trombólise, mantendo a anticoagulação. Tendo alta do serviço dois dias após o procedimento. Atualmente o paciente evoluiu bem e assintomático.
Discussão:
A trombose portal (TP) é uma rara complicação cirúrgica, de especial interesse nos últimos anos por descrições após cirurgias bariátricas. A TP aguda tem início repentino e gera oclusão completa ou parcial, quando não resolvida, evolui a um trombose crônica. A TP é correlacionada com a cirrose, quanto maior seu grau, maior a chance de desenvolvimento de TP. A ocorrência de TP em pacientes com o fígado previamente saudável está relacionada a distúrbios genéticos protrombóticos, eventos traumáticos e estase sanguínea. Condições adquiridas associadas à TP incluem: cirrose, carcinoma hepatocelular, doenças mieloproliferativas, doenças inflamatórias abdominais, gravidez recente e uso de contraceptivos orais combinados. O diagnóstico é realizado com TC com contraste e a terapia é com a anticoagulação e, possivelmente, trombólise. Neste caso, uma trombose crônica simulava um evento agudo de causa indefinida, exames pré-operatórios não evidenciaram alterações quanto à hipercoagulabilidade ou cirrose.
Comentários Finais:
Apesar de hemorragias e fístulas serem exemplos de complicações mais comuns no pós-operatório, a TP deve ser uma hipótese a ser considerada em casos de dor abdominal pós-operatória, o diagnóstico precoce por TC é de fundamental importância.

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

Rafael Saldanha Alecrim, Matheus Felipe Muniz da Silva, Emerson Kennedy Ribeiro de Andrade Filho, Caio de Oliveira Rabelo, Gabriel Melo Caldas Nogueira, Thiago Câmara de Souza Barbalho, Pedro Vilar de Oliveira Villarim, Daniel Coelho