XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

IMPACTO DA HEMOTRANSFUSÃO PERIOPERATÓRIA EM PACIENTES SUBMETIDOS A RESSECÇÃO DE METÁSTASE HEPÁTICA DE CANCER COLORRETAL NA ERA DA QUIMIOTERAPIA SISTÊMICA PERIOPERATÓRIA

Resumo

Introdução: A ressecção cirúrgica das metástases hepáticas de câncer colorretal (MHCCR) oferece tratamento potencialmente curativo, apesar do estádio avançado da doença. Quimioterapia perioperatória leva a controle de micro metástases e redução das lesões, no entanto, associa-se a efeitos adversos que podem aumentar o risco de sangramentos, elevando as taxas de hemotransfusão e, consequentemente, levando a pior prognóstico. Objetivo: Avaliar impacto da transfusão sanguínea perioperatória e sua relação com quimioterapia e com o prognóstico. Métodos: Coorte retrospectiva de pacientes submetidos à ressecção de MHCCR, entre 2004 e 2022, em um único centro, excluindo os pacientes submetidos a ressecções sincrônicas de cólon e a reconstruções de trânsito intestinal simultâneas à hepatectomia. Realizada análise de subgrupo de pacientes submetidos apenas a hepatectomias maiores. Resultados: Foram avaliados 658 pacientes submetidos a ressecção hepática por MHCCR. Destes, 557 (84,6%) receberam quimioterapia perioperatória. Transfusão perioperatória ocorreu em 153 (23,2%) pacientes. Não houve diferença entre os grupos com e sem transfusão com relação a realização de quimioterapia perioperatória. Maior necessidade de transfusão ocorreu nas hepatectomias maiores (OR 4,12; IC 95% 2,82 – 6,02; p < 0,001). Transfusão foi associada a maior ocorrência de complicações perioperatórias (OR 3,512; IC95% 2,412 – 5,113; p < 0,001), complicações perioperatórias graves (Clavien ≥ IIIa) (OR 7,64; IC 95% 3,97 – 14,68; p < 0,001), reoperação (OR 3,094; IC95% 1,234 – 7,759; p = 0,002), e óbito perioperatório (OR 17,565; IC95% 5,020 – 61,458; p < 0,001), além de menor sobrevida global (p = 0,017). Não se observou relação entre transfusão e sobrevida livre de doença. No subgrupo de hepatectomias maiores, com 231 pacientes, 93 (40,2%) necessitaram de transfusão, o que foi associado a maior incidência de complicações (OR 1,94; IC95% 1,14 – 3,32; p = 0,016), complicações graves (OR 5,95; IC95% 2,11 – 16,78; p < 0,001), e óbito perioperatório (p < 0,001). Além disso, transfusão foi associada a menor sobrevida global (p < 0,001) e livre de doença (p = 0,026) neste subgrupo. Conclusão: Hemotransfusão foi relacionada ao aumento da morbimortalidade perioperatória e a diminuição da sobrevida global dos pacientes submetidos a ressecção de MHCCR. Para os pacientes submetidos a hepatectomias maiores, a transfusão também foi associada a menor sobrevida livre de doença.

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

José Donizeti de Meira Júnior, Vitoria Ramos Jayme, Gilton Marques Fonseca, Vagner Birk Jeismann, Fabio Ferrari Makdissi, Jaime Arthur Pirola Kruger, Fabricio Ferreira Coelho, Luiz Augusto Carneiro D'Albuquerque, Paulo Herman