Dados do Trabalho
Título
RELATO DE CASO: TUBERCULOSE MILIAR HEPÁTICA SOBREPOSTA À HEPATITE MEDICAMENTOSA
Resumo
APRESENTAÇÃO DO CASO
Mulher, 53 anos, com Artrite Reumatóide e Síndrome de Sjogren, fazia
uso de adalimumabe, a cada 14 dias, e metotrexato até a internação hospitalar.
Foi ao hospital dia 3/5/22 com quadro de febre persistente, sudorese, perda
ponderal e, com histórico de dengue há 3 meses, foi também confirmada a
Tuberculose (TB) Miliar, tendo iniciado esquema RIPE em março/22, sendo
suspenso por 17 dias devido ao aumento das transaminases em abril/22. O
esquema foi reintroduzido apenas com etambutol e rifampicina e, após 7 dias,
associou-se isoniazida (INH), gerando nova piora das enzimas hepáticas, e
melhora com suspensão por 4 dias. Foi administrado ciprofloxacino nesse
período e 2 dias antes da última consulta, foi introduzida a pirazinamida. Assim,
foram realizadas ultrassonografia abdominal e biópsia, que evidenciaram
hepatomegalia e hepatopatia granulomatosa de padrão miliar, com necrose
central, com leve atividade portal/periportal e raros eosinófilos, achados
sugestivos de TB miliar hepática sobreposta à hepatite medicamentosa.
DISCUSSÃO
A TB é uma infecção gerada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis e
ainda é muito prevalente, principalmente em imunocomprometidos. A TB
hepática isolada é rara, porém, o envolvimento do fígado na TB miliar é
comum, já que o rico aporte sanguíneo pelo sistema porta é ideal para formação
de granulomas. Esta doença é mais comum em homens, extremos de idade e
doentes crônicos. Porém, o diagnóstico de TB miliar hepática é um desafio, por
ser um quadro geralmente assintomático e se assimilar a tumores malignos em
exames de imagens, sendo necessária uma biópsia para confirmar os bacilos da
TB. Quando presentes, os principais sintomas são febre, astenia, dispneia e
hepatomegalia.
Deve-se atentar à iatrogenia das drogas hepatotóxicas usadas pelo
paciente, pela TB e por condições prévias. Sabe-se os efeitos hepatotóxicos de
fármacos do tratamento da TB, principalmente da INH, a rifampicina e a
pirazinamida. O padrão da hepatotoxicidade pela INH, principalmente associada
à rifampicina, é visto pelo aumento na atividade da transaminase sérica que
ocorre geralmente 15 dias após o início do esquema, podendo culminar em
hepatite medicamentosa
COMENTÁRIOS FINAIS
A TB miliar hepática tem repercussão clínica importante e pode gerar
complicações, se não tratada corretamente, como hepatopatia crônica. Além
disso, o tratamento da TB deve ser feito cautelosamente, pela hepatotoxicidade
das drogas e a interação medicamentosa entre elas.
Área
Gastroenterologia - Fígado
Autores
Mariana de Morais Lira Gouveia, Anna Paula Mendanha da Silva Aureliano, Liliana Sampaio Costa Mendes, Evelyn Jacome Obeid, Silas Gustavo Barboza Romeres, Adriano Cláudio Pereira de Moraes, Carolina Augusta Matos de Oliveira, Geovanna Calazans Corrêa, Fernanda Rodrigues Corado