XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

COLITE LINFOCÍTICA EM PACIENTE EM USO CRÔNICO DE INIBIDOR DE BOMBA DE PRÓTONS: RELATO DE CASO

Resumo

Apresentação: Paciente sexo feminino, 28 anos, portadora da síndrome de VATER, com atresia de esôfago, rins em ferradura, agenesia de útero e vagina, megagástrio, hemivértebra e escoliose, em uso crônico de pantoprazol devido à dispepsia secundária à gastroparesia dilatada pós fundoplicatura com lesão de nervo vago. Iniciou há 1 ano e meio quadro de diarreia, 2 a 3 episódios por dia, intercalados com períodos de até 4 dias de constipação intestinal. Apresentava evacuações pastosas, com presença de muco, sem sangue. Perdeu 5 quilos no período. Exame das fezes não evidenciou leucócitos, gorduras ou parasitas. Colonoscopia sem alterações macroscópicas. Biópsias seriadas identificaram ileíte, colite e retite com aumento dos linfócitos intraepiteliais (T/CD3+). Imuno-histoquímica confirmou achado e excluiu exocitose de linfócitos B CD20+, fechando diagnóstico para colite linfocítica. Optado por suspender inibidor de bomba de prótons em uso há mais de 10 anos, visto que essa classe de medicamentos é associada ao desenvolvimento de colite microscópica. Iniciado amitriptilina e procinético para controle dos sintomas secundários à gastroparesia, além de sintomáticos para dispepsia. Paciente retorna em 4 meses, apresentando melhora parcial do quadro, agora com 1 evacuação ao dia, mantendo fezes pastosas e com muco. Discussão: Colite microscópica é uma doença inflamatória crônica rara do cólon, englobando as colites linfocítica e colagenosa. Mais incidente em mulheres. Antiinflamatórios não esteroides e inibidores de bomba de prótons são implicados como fatores causais. Manifesta-se com diarreia aquosa não sanguinolenta, dor abdominal, urgência/incontinência fecal e tenesmo. O diagnóstico é realizado por biópsias do cólon. O aspecto macroscópico da mucosa colônica na maioria das vezes é normal. A abordagem inicial envolve suspender medicamentos associados à colite linfocítica e, se necessário, iniciar antidiarreicos, objetivando-se a remissão clínica (< 3 evacuações/dia e não mais do que 1 evacuação aquosa). Se ausência de resposta, a primeira linha de tratamento é a budesonida 9 mg/dia por 6 a 8 semanas. Prednisona ou prednisolona ficam reservadas para os casos em que a budesonida não é viável. Conclusão: Colite linfocítica é rara causa de diarreia, diagnosticada somente por biópsia, devendo-se suspeitar da mesma em pacientes com uso crônico de medicamentos potenciais causadores e sem quadro clínico compatível com as doenças inflamatórias intestinais mais comuns.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Érica Manuela da Silva Boa Sorte, Rôniki Clean Sá Florêncio, Daniela Silva Galo, Vanessa Madrid Vivo, Paula Andraous Merhi, Nadim Isaac Filho, Lívia Jayme Paulucci, Sara de Freitas Abrão