Dados do Trabalho
Título
Câncer em pouch gástrico em pós operatório tardio de gastroplastia: um raro relato de caso em um centro hospitalar terciário.
Resumo
Paciente feminina, 58 anos, pós operatório tardio de gastroplastia redutora -bypass em Y-de-roux, após 10 anos de seguimento, evoluiu com disfagia para alimentos sólidos, além de dor abdominal epigástrica pós-alimentar e sintomas dispépticos. Negou perda ponderal não intencional. Durante investigação, realizada seriografia, com presença de ondas terciárias frequentes, sugerindo algum grau de dismotilidade esofagiana. Endoscopia digestiva alta, com achados de gastrite enantematosa moderada e úlceras em coto gástrico próximo a anastomose. No diagnóstico anatomopatológico, evidenciado adenocarcinoma pouco diferenciado com células em anel de sinete. Não se observaram metástases em exames de estadiamento oncológico. Foi optado pela realização de degastrectomia com linfadenectomia a D2, com ressecção do estômago excluso, pouch gástrico, grande omento e cadeias linfonodais. Confecção de esofagojejunoanastomose término-lateral e entero enteroanastomose látero-lateral grampeadas e passagem de sonda nasoenteral transanastomótica. Não foram visualizados implantes secundários ou linfonodomegalias. A paciente inicio dieta enteral e liquida via oral no 1º pós operatório. Recebeu alta no 7º dia pós operatório com dieta exclusiva via oral com boa aceitação. Possui plano de quimioterapia adjuvante.
O câncer gástrico é um dos cânceres mais comuns do mundo. O Brasil ocupa o 6º lugar no ranking mundial, sendo o 3º câncer mais frequente entre os homens e o 5º entre as mulheres. O tipo adenocarcinoma representa cerca de 95% dos casos. Pacientes com gastrectomia parcial para doenças benignas têm maior risco de desenvolver câncer gástrico. O refluxo crônico de secreções biliares e pancreáticas parece ter relação fisiopatológica, levando à inflamação crônica. A incidência varia entre 0,8 e 0,9%. O risco parece aumentar de 15 a 20 anos após a cirurgia inicial. Como não há benefício estabelecido, a vigilância endoscópica nesses pacientes não é obrigatória. Com ou sem vigilância, esses pacientes devem ser submetidos a avaliação endoscópica imediata para quaisquer sintomas gastrointestinais superiores significativos.
O relato apresenta um caso raro na literatura, visto a baixa prevalência de câncer em pouch gástrico pós gastroplastia. Evidencia a importância da investigação de sintomas gastrointestinais nos pacientes submetidos a gastrectomia parcial.
Área
Cirurgia - Obesidade
Autores
TAIANA NAILA MAZARO ZARELLI, PAULA HEROSO MOREIRA, ALAN JUNIOR DE AGUIAR, FERNANDA BIASI DA CUNHA, FERNANDA NASCIMENTOS ROSA, FABIO TERABE, ISABELLA CORREA OLIVEIRA, LUCIANO ZANELLATO MARQUES