Dados do Trabalho

Título

Necrosectomia transmural endoscópica em paciente com pancreatite aguda grave. Um relato de caso.

Resumo

Paciente G.A.R.S. 25 anos, sexo masculino, branco, obeso e hipertenso mal controlado, foi admitido pela equipe de cirurgia geral em um Hospital do Noroeste Paulista no segundo semestre de 2021, com queixa de dor abdominal súbita há quatro dias. Relatava dor em epigástrio de forte intensidade, com migração para hipogastrio e fossa ilíaca direita associada a náusea, vômito, constipação, além de urina de coloração alaranjada. Negava demais sintomas urinários e outras queixas. Negava alergia, diabetes mellitus e antecedentes familiares de doenças hereditárias. Ao exame físico geral, apresentava-se em bom estado geral, desidratado, descorado, anictérico, afebril, eupnéico, lúcido e orientado no tempo e espaço. Aparelho pulmonar e cardíaco sem alterações. Abdome globoso, discretamente distendido, com ruído hidroaéreo presente, doloroso à palpação em hipogástrio e fossa ilíaca direita, sem sinais de peritonite.
Nos exames laboratoriais constavam leucocitose, alteração da função renal e descontrole glicêmico. O ultrassom de abdome total visualizou pequena quantidade de líquido livre em fossa ilíaca direita e visualização parcial do pâncreas devido interposição gasosa; diante disso foi realizado uma tomografia de abdômen total que evidenciou área de liquefação/hipocontrastação acometendo cerca de 90% de extensão do pâncreas com pequena quantidade de parênquima pancreático preservado (cerca de 10%), compatível com pancreatite Baltazhar E.
A abordagem cirúrgica destas coleções tem sido alvo de investigação pelas elevadas taxas de mortalidade que representam, essencialmente quando ocorre infeção. A abordagem tradicional das complicações locais da pancreatite aguda - a via aberta - está associada a uma elevada taxa de morbimortalidade. Assim, as técnicas endoscópicas e cirúrgicas minimamente invasivas, com menores taxas de morbimortalidade, são de especial interesse para o manejo dos pacientes nessas situações.
A pancreatite aguda e necrosante grave requer uma estratégia de tratamento multidisciplinar que deve ser individualizada para cada paciente. Acredita-se que o tratamento minimamente invasivo com drenagem deva ser a primeira alternativa, porém o tempo de evolução, a condição clínica do doente e as características da necrose pancreática vão definir qual a melhor técnica a ser utilizada.