Dados do Trabalho
Título
SÍNDROME COLESTÁTICA COMO MANIFESTAÇÃO DE SÍFILIS SECUNDÁRIA
Resumo
Apresentação do caso: Feminino, 66 anos, procurou atendimento em pronto-socorro de Hospital Terciário por náuseas, epigastralgia, icterícia, dor abdominal e aparecimento de lesões anelares em palma das mãos, planta dos pés, couro cabeludo e região genital. Negava etilismo. Exames laboratoriais compatíveis com síndrome colestática- bilirrubinas totais 4,2; gama glutamil transferase (GGT) 2351; fosfatase alcalina 787; transaminase glutâmico- oxalacética (TGO) 64; transaminase glutâmico- pirúvica (TGP) 54-, além de VDRL (1:128) e teste treponêmico reagentes para sífilis. Demais sorologias para infecções sexualmente transmissíveis (IST) e anticorpos para doenças autoimunes não reagentes. Ultrassonografia de abdome com esteatose hepática leve e imagem no interior da vesícula biliar sugestivo de pólipo ou colesteroloma, medindo 0,5cm, sem causar dilatação de vias biliares. Realizado tratamento com penicilina G benzatina 2,4 milhões Ui, dose única. Duas semanas após tratamento, apresentou queda dos níveis de canaliculares (Bilirrubinas totais 1,0; GGT 865; Fosfatase alcalina 299). Acompanhamento seriado com melhora progressiva de quadro colestático.
Discussão: A sífilis é uma IST causada pela bactéria Treponema pallidum. Apresenta quatro estágios principais (sífilis primária, secundária, latente e terciária). A manifestação clínica mais comum da sífilis secundária é o exantema maculopapular, podendo evoluir para pápulas eritemato-acastanhadas, frequentes em região palmoplantar e genitais. O acometimento hepático é raro (<1% dos casos) e ocorre principalmente em pacientes imunocomprometidos. Para o diagnóstico de colestase secundária à sífilis são necessários os critérios: alteração das enzimas canaliculares e aminotransferases que melhoram com o uso de antibiótico; sorologia positiva; descartar outras etiologias, mediante estudo de imagem, sorologia e anticorpos para doenças autoimunes. A biópsia hepática não é necessária para o diagnóstico- caso realizada, nota-se necrose periportal e centrolobular, infiltrado inflamatório de neutrófilos, linfócitos e eosinófilos, além de hiperplasia das células de Kupffer. A identificação de espiroquetas por imuno-histoquímica ocorre em 50% dos casos.
Comentários Finais: A sífilis é uma rara causa de síndrome colestática, tornando seu diagnóstico desafiador. Destaca- se a importância de incluir essa enfermidade no diagnóstico diferencial de síndromes colestáticas, sobretudo nos pacientes com maior risco para IST.
Área
Gastroenterologia - Fígado
Autores
Danielle Kellen Penh Mahon, Fernanda Patricia Jeronymo Pinto, Natalia Queiroz Prado Bittencourt, Tamiris Marques Pereira, Lívia Cafundó Almeida, Fernando Gomes Ribeiro