Dados do Trabalho
Título
HISTOPLASMOSE EM PACIENTE COM DOENÇA DE CROHN EM TERAPIA ANTI-TNF: RELATO DE CASO
Resumo
APRESENTAÇÃO DO CASO: Homem, 30 anos, engenheiro agrônomo, procedente de Cruz das Almas, foi admitido na emergência com febre, proctalgia, perda de peso e diarreia crônica do tipo inflamatória há 6 meses. TC de abdome e RMN de pelve evidenciaram fístulas e grande abscesso perianal. O paciente foi submetido à drenagem cirúrgica e exame proctológico. Foi internado em unidade semi-intensiva, iniciada antibioticoterapia endovenosa e submetido à colonoscopia, que evidenciou processo inflamatório em íleo e cólon sugestivo de DC. Após melhora infecciosa, iniciou-se terapia com Azatioprina e Infliximabe, que, no entanto, foi suspensa devido reação alérgica grave com sintomas respiratórios durante a segunda infusão. Foi então iniciada terapia com Adalimumabe, havendo remissão clínica, com cicatrização das fístulas e melhora dos biomarcadores inflamatórios. Todavia, 4 meses após, evoluiu com febre e tosse seca. Tomografia de tórax evidenciou presença de infiltrado inflamatório difuso. Foi submetido à broncoscopia com lavado broncoalveolar e biópsia transbrônquica. Pesquisa e cultura de BK foram negativas, histopatológico evidenciou inflamação crônica linfo-macrofágica, sem achados sugestivos de granuloma caseoso. Sorologia para Histoplasma capsulatum evidenciou pesquisa positiva de banda H e negativa de banda M. O paciente foi então submetido a tratamento com Itraconazol, evoluindo, após 4 semanas, com resolução dos sintomas respiratórios e da febre, bem como do processo inflamatório em TC de tórax de controle. Recebeu orientação de manter o tratamento antifúngico por 12 meses. DISCUSSÃO: A partir desse caso, é interessante analisar que, a terapia biológica na DC, embora eficaz, está associada a aumento do risco de complicações infecciosas. Assim, apesar da maior suspeita de tuberculose, histoplasmose pulmonar deve sempre ser lembrada no diagnóstico diferencial. Além disso, quando descoberta precocemente, a infecção fúngica pode ser resolvida sem demais sequelas, habilitando a retomada do tratamento biológico. COMENTÁRIOS FINAIS: Os médicos devem sempre estar atentos à possibilidade de infecções pulmonares em pacientes com sintomas respiratórios e febre em uso de terapia imunossupressora, especialmente terapia biológica anti-TNF. A realização de um diagnóstico rápido e a instituição de um tratamento precoce são as chaves para o sucesso terapêutico dessa complicação infecciosa.
Área
Gastroenterologia - Intestino
Autores
Ana Maria Rego Andrade Santos, Alexandre Carvalho, Juliane Penalva Costa Serra, José Dias Andrade Neto, Bruno César da Silva