Dados do Trabalho

Título

Desafios para diagnóstico e tratamento efetivo na esofagite eosinofílica

Resumo

RELATO: MFRC, feminino, 30 anos, portadora de hipercolesterolemia familiar e dermatite atópica. Iniciou
em 2015 pirose e náuseas pós prandial. Procurou serviço de gastroenterologia, no qual foi
prescrito inibidor de bomba de prótons (IBP). Fez uso por 3 meses, sem melhora. Solicitada
endoscopia (EDA) com achados de esofagite edematosa leve distal. À biópsia: esofagite crônica
com hiperplasia epitelial reativa. Manteve IBP com melhora momentânea do quadro, evoluindo,
após alguns meses, com recidiva dos sintomas associado a epigastralgia intensa. Submetida a
novos exames. EDA: alterações reacionais da mucosa esofágica e eosinofilia discreta (2 a 15
eosinófilos/campo); pHmetria esofágica: refluxo gastroesofágico ácido fisiológico. Realizada
hipótese de doença do refluxo e reintroduzido IBP, com sintomas controlados parcialmente por 3
anos. Em 2019, retomaram os sintomas associados a dor torácica não cardíaca de forte
intensidade, sem resposta ao uso de IBP. Passou por novo atendimento com gastroenterologista
e realizado nova EDA: esôfago com mucosa espessada, hiperqueratótica, com granulosidade e
várias fissuras longitudinais, com pontilhados esbranquiçados agrupados, com aspecto de
esofagite eosinofílica (EoE); biópsia com eosinofilia focal, confirmando EoE e iniciado
Dexlansoprazol, Fluticasona e Montelucaste por 3 meses. Houve melhora sintomática por
aproximadamente 10 meses, quando paciente iniciou quadro de rouquidão, disfagia para sólidos
e líquidos. EDA de controle manteve as alterações, com aumento no agrupamento de eosinófilos
na biópsia (15 a 20 eosinófilos/campo em esôfago distal e 25-30 eosinófilos/campo em esôfago
médio).
DISCUSSÃO: A esofagite eosinofílica é uma doença crônica do esôfago imunomediada, caracterizada
clinicamente por sintomas relacionados à disfunção esofágica e histologicamente por inflamação
predominantemente eosinofílica. A patogênese da EoE é o resultado de uma interação entre
fatores genéticos, ambientais e do sistema imunológico do hospedeiro.
COMENTÁRIOS FINAIS: A paciente do caso em questão apresenta diagnóstico de Esofagite Eosinofílica a partir de
manifestações clínicas, alterações endoscópicas compatíveis (biópsia esofágica com ≥15
eosinófilos por campo) e exclusão de outras causas. No entanto, o diagnóstico definitivo levou
anos para ser realizado e, apesar da realização do tratamento recomendado, a paciente manteve
sintomas, o que mostra os desafios relacionados ao diagnóstico e tratamento dessa doença.