XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Sintomas dispépticos e integridade da mucosa duodenal no pós-COVID-19.

Resumo

Introdução: Sintomas dispépticos são comuns no pós- COVID-19. A perda da integridade da mucosa duodenal é um dos mecanismos envolvidos na fisiopatologia da dispepsia. Foi descrito que o SARS-CoV-2 leva a uma perda da integridade da barreira mucosa intestinal. Objetivo: Avaliar se à persistência de sintomas dispépticos no pós- COVID-19 é secundária a uma perda na função de barreira da mucosa duodenal. Método: O grupo experimental foi composto de 55 pacientes, aleatórios, admitidos no HUWC- UFC, por quadro de COVID-19, entre 05 a 07/2021. Durante a infecção pela COVID-19 e após 3-6 meses da alta hospitalar, a presença e a intensidade de sintomas dispépticos (empachamento, saciedade precoce e dor/queimação epigástricas) foi aferida usando o questionário diagnóstico de Roma III para dispepsia funcional. Num subgrupo de pacientes pós COVID-19 (10 com dispepsia e 13 sem dispepsia) e controle (8 pacientes), foi realizada endoscopia digestiva alta, com biopsia da segunda porção duodenal, para avaliação da integridade da mucosa duodenal, através da determinação da resistência da barreira epitelial (TER) e da permeabilidade da fluoresceína. Nos mesmos grupos, a dosagem de IL-1, IL- 6 e TNF alfa na mucosa duodenal foi aferida por Milliplex. Resultados: No grupo de COVID-19, houve um predomínio de homens (62%), idade média de 47 a, que necessitaram de oxigenioterapia (75%), e com comorbidades (70,9%). No período pós-COVID-19, houve um aumento significativo (p<0,05) dos sintomas de empachamento (COVID= 1,7±0,2 vs. pós COVID= 2,8±0,3*) e dor/queimação epigástrica (COVID: 1.5±0,2 vs. pós COVID 2.5±0,3*), mas não de saciedade precoce (COVID: 2,2±0,3 vs. pós COVID=1,7±0,2), quando comparado com os mesmo sintomas durante a infecção. A endoscopia digestiva alta não mostrou alterações relevantes. A resistência da barreira epitelial (TER) e a permeabilidade da mucosa duodenal não mostraram alteração significativa quando comparados os grupos pós-COVID-19 (com dispepsia TER= 34,0 ± 3,8 Ωcm², permeabilidade= 325,2 ± 63,5 ng/mL; sem dispepsia TER= 32.2 ± 3,5 Ωcm², permeabilidade= 301,7 ± 54,4 ng/mL), quando comparados com o controle (TER= 30,9 ± 4.2 Ωcm², permeabilidade = 452 ± 160.8 ng/mL). Não houve diferenças nas concentrações de IL-1, IL- 6 e TNF alfa na mucosa duodenal dos pacientes pós- COVID comparado com o controle. Conclusão: Os sintomas dispépticos no pós-COVID-19 são independentes de danos causados à integridade da mucosa duodenal. Apoio financeiro: CAPES e CNPq.

Área

Gastroenterologia - Estômago/Duodeno

Autores

Larissa Gurgel Mota Saraiva, Suliana Mesquita Paula, Dayllanna Stefanny Lopes Lima Feitosa, Maria Klayre Araújo Sousa, Isabela Caldas Borges, Quésia Reis Lederhos, Thiago Ribeiro Andrade, Miguel Ângelo Nobre e Souza, Marcellus Henrique Loiola Ponte Souza