XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Realização de bypass gástrico em Y de Roux como tratamento de DRGE em paciente com esclerose sistêmica - relato de caso.

Resumo

Apresentação do caso: Paciente feminina, 60 anos, em acompanhamento com equipe de Reumatologia por esclerose sistêmica com acometimento cutâneo, esofágico e musculoesquelético, é encaminhada ao ambulatório da equipe de Cirurgia do Aparelho Digestivo por queixa de disfagia e sintomas da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), como pirose e regurgitação, a despeito do uso de inibidores de bomba de prótons em dose plena, referindo impossibilidade de manter-se em decúbito dorsal por gravidade de sintomas. Realizada pHmetria, que evidenciou refluxo ácido patológico tanto em ortostatismo quanto em decúbito dorsal, e manometria esofágica, com atonia do corpo esofágico e hipotonia do esfíncter esofágico inferior. Paciente foi submetida a bypass gástrico em Y de Roux com alça de 60 cm, sem intercorrências em pós-operatório. Em seguimento ambulatorial - atualmente no sexto mês de pós-operatório -, apresenta-se com resolução completa de sintomas de disfagia, pirose e regurgitação.
Discussão: A esclerose sistêmica (ES) é uma rara doença autoimune, com deposição anômala de colágeno, acarretando alterações vasomotoras e fibrose, com frequente acometimento esofágico - presente em cerca de 90% dos casos. Por causas multifatoriais, a DRGE afeta mais de 80% desses pacientes, com possíveis complicações associadas, como esofagite, esôfago de Barrett, estenose péptica e piora da função pulmonar por pneumonias aspirativas recorrentes. O tratamento da DRGE no contexto da ES é desafiador: mais de 40% dos pacientes não apresentam melhora com tratamento clínico e os resultados cirúrgicos são controversos, com diferentes técnicas realizadas - esofagectomia, fundoplicatura e bypass gástrico em Y de Roux -, sem evidências robustas que determinem a melhor técnica. Apesar disso, estudo recente comparando fundoplicatura e bypass gástrico em pacientes com ES mostrou melhora sintomática em todos os pacientes submetidos a bypass gástrico, enquanto dos submetidos a fundoplicatura 50% apresentaram melhora. Em revisão sistemática realizada avaliando pacientes com o binômio DRGE e ES, houve maior recorrência dos sintomas nos pacientes submetidos à fundoplicatura (70% x 30% dos pacientes submetidos ao bypass).
Comentários finais: O tratamento de DRGE em pacientes com ES é um desafio. Após avaliação da literatura existente e a evolução do caso discutido, o bypass gástrico mostra-se como uma opção segura, com melhora sintomática, podendo ser uma possibilidade para o tratamento desses pacientes.

Área

Cirurgia - Esôfago

Autores

Gabrielle Aguiar Varaschin, Augusto de Andrade Sehn, Nelson Guardiola Meinhardt, Hamilton Cardoso Hilgert, Maurício Jacques Ramos