XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Tratamento endoscópico de fístula complexa após gastrectomia total em oncologia com reconstrução em Y de Roux

Resumo

Apresentação do caso:
Paciente feminina, 67 anos, em pós operatório (PO) de gastrectomia total oncológica, com reconstrução em Y de Roux, por adenocarcinoma gástrico.
No 3º PO evoluiu com dor e distensão abdominal, taquicardia e alteração do aspecto do dreno, sendo realizada TC de abdomen que não evidenciou fístula, porém, devido ao quadro clínico da paciente, foi submetida a abordagem cirúrgica, que identificou fístula do coto jejunal corrigida no intraoperatório. Houve nova alteração de conteúdo do dreno 7 dias após a reabordagem, com teste de azul de metileno positivo, caracterizando nova fístula.
No 32º dia da reabordagem foi submetida a endoscopia digestiva alta, com evidência de deiscência de anastomose esofago-jejunal, com 2 orifícios e ponte mucosa entre eles, com presença de tecido de granulação e coleção purulenta.
Realizadas 6 abordagens para correção da fístula, optando por tratamento minimamente invasivo, com curativo a vácuo modificado, com duração do tratamento de 11 semanas, e resolução do quadro.
Em TC após 6 meses da deiscência, não foram observadas coleções, fístulas ou extravasamento de contraste extra-luminal. Foi também realizada nova EDA, sem presença de fístula ou outras alterações significativas, demonstrando resolução completa do quadro. Paciente segue em acompanhamento ambulatorial, sem queixas.
Discussão:
A deiscência de anastomose é uma das complicações de cirurgias do trato gastrointestinal (TGI) em que a terapia endoscópica a vácuo vem sido empregada com resultados cada vez mais positivos, de maneira a obter efeitos satisfatórios e de forma pouco invasiva ao paciente, que por vezes não tem condições clínicas para ser submetido a terapêuticas mais agressivas.
O manejo endoscópico a vácuo para tratamento de fístulas do TGI superior tem mostrado alta taxa de sucesso com baixa morbimortalidade. Porém, ainda é limitado pelos altos custos e pouca disponibilidade de profissionais com experiência no manejo da técnica terapêutica.
Sendo assim, a terapia endoscópica a vácuo modificada (M-EVT) permite maior acesso devido ao menor custo e maior disponibilidade do material para fabricação do dispositivo, uma vez que este é um equipamento seguro, com baixo risco de complicação, que possibilita o tratamento dessa condição com poucas trocas e favorece a resolução completa.
Conclusão:
Portanto, a M-EVT é uma alternativa viabiliza a resolução de fístulas do TGI com baixo custo e fácil acesso, de maneira segura, eficaz e pouco invasiva.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Carolina Chamone Zárate, João Guilherme Ribeiro Jordão Sasso, Rodrigo Silva de Paula Rocha, Mateus Bond Boghossian, Tamiris Machiavelli Kwiatkowski, Daniel Dantas Oliveira, Roodney Forster Jesus, Romulo Sergio Araujo Gomes, Eduardo Guimaraes Hourneaux Moura