XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Reativação de Hepatite B em medicamentos não previstos com risco moderado a alto

Resumo

Descrição do caso:
Paciente de 44 anos com diagnósticos de hepatite B em 2014 e câncer de mama em outubro de 2021. Fez uso de ciclofosfamida, doxorrubicina, netupitanto e cloridrato de palonosetrona entre fevereiro e março de 2022, com laboratoriais normais, exceto por HbsAg e Anti-Hbc (IgM e IgG) reagentes, HbeAg não reagente, carga HBV de 140 (Vr <15). Não realizou profilaxia para reativação da Hepatite B. Encaminhada ao serviço de hepatologia mediante aumentos súbitos e expressivos de transaminases, bilirrubinas e da carga viral, concomitantes a três doses de paclitaxel entre abril e maio de 2022. INR e albumina normais. Cerca de 30 dias após o início dessa medicação, evoluiu com icterícia. A paciente não possuía comorbidades, histórico de etilismo, ingestão de chás e nem uso ou alergias medicamentosas prévias. IgG 2705 (Vr 65-1600). Demais sorologias e investigação de doenças hepáticas negativas. Orientado a suspensão do paclitaxel e início do tratamento com tenofovir. A biópsia hepática evidenciou hepatite crônica moderadamente ativa, estadiamento 1/2/3/2, com predomínio das características agudas/ativas e crônicas, compatível com hepatite autoimune de novo ou induzida por medicamentos. CK7 positivo em ductos biliares, em colangíolos proliferados em hepatócitos periportais (ausência de ductopenia). Conforme esses dados e outros dois gatilhos para alterações histopatológicas (medicamentoso e autoimune), porém, com normalização do quadro clínico e das enzimas hepáticas após retirada da medicação e uso do tenofovir, optado por não iniciar a corticoterapia com vistas à possível etiologia autoimune. Desta forma, a paciente foi orientada a manter o antiviral e acompanhamento ambulatorial na hepatologia.

Discussão:
A Hepatite B crônica deve ter acompanhamento médico contínuo e, nos candidatos a terapias imunossupressoras, pode-se considerar tratamento profilático para evitar reativação viral, até mesmo em medicamentos não previstos com risco moderado a alto. Assim, diante da retirada do medicamento suspeito e o início do tenofovir, com normalização de transaminases, além do escore com baixa probabilidade para hepatite autoimune, as alterações descritas foram mais provavelmente atribuídas ao vírus B.

Comentários finais:
A reativação do vírus B, a partir do uso de medicamentos imunossupressores, com evolução de uma carga viral acima de 2000, elevação significativa de transaminases e na vigência de icterícia, indica-se iniciar tratamento com antiviral adequado.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Bruno Beust Quint, Gabriela Parreira Bizinoto, Luiza Santos Carvalho Silva, João Fellipe Pereira Espíndola, Liliana Sampaio Costa Mendes, Márcio Almeida Paes, Marcos de Vasconcelos Carneiro