Dados do Trabalho
Título
Hamartoma esplênico: relato de caso e revisão da literatura
Resumo
-Apresentação do Caso
M.C.C, sexo feminino, 47 anos, previamente hígida, apresentando dor esporádica em hipocôndrio esquerdo, em aperto, de intensidade variável, sem perda de peso, alterações gastrointestinais ou urinárias.
Após meses apresentando tal sintomatologia, a paciente procurou atendimento médico. Submetida a endoscopia digestiva, com achado de abaulamento em fundo gástrico a esclarecer; à ecoendoscopia, com visualização de compressão extrínseca do corpo e fundo gástrico pelo baço. Ultrassonografia de abdome evidenciou formação expansiva esplênica arredondada, heterogênea, com calcificações, medindo 7,4x7,1cm. Estendida propedêutica com ressonância magnética contrastada, com achado de lesão nodular esplênica compatível com hemangioma. Revisão laboratorial sem alterações.
Diante da hipótese de hemangioma esplênico gigante, foi indicada esplenectomia para a paciente. Quatorze dias antes da operação, foram administradas as vacinas contra germes encapsulados, visando profilaxia de sepse pós-esplenectomia. O procedimento foi realizado por videolaparoscopia, ato sem intercorrências. A paciente apresentou boa evolução pós-operatória, recebendo alta no terceiro dia de internação. Imuno-histoquímica da peça cirúrgica demonstrou se tratar, na verdade, de hamartoma esplênico.
-Discussão
O hamartoma esplênico é uma lesão benigna rara do baço, formado por proliferação de histiócitos, áreas de fibrose e calcificação, sendo comum sua associação com alterações hematológicas. Foi descrito primeiramente por Rokitansky e Fhriedreich em 1861, e, desde então, cerca de 200 casos foram relatados na literatura.
Tal tumor foi identificado em todas as faixas etárias, sem predileção por sexo. Em sua grande maioria, são assintomáticos, sendo usualmente detectados acidentalmente em exames de imagem, ou através de autópsias. Entretanto, há relatos de associação com pancitopenia e de ruptura espontânea, gerando hemoperitônio volumoso.
A ultrassonografia é o primeiro método diagnóstico, sendo que o uso do Doppler pode auxiliar no diagnóstico diferencial com hemangioma e metástases. Diversos autores advogam a ressonância magnética como excelente método diagnóstico auxiliar.
-Comentários finais
O hamartoma esplênico é uma entidade benigna rara, que deve ser lembrada no diagnóstico diferencial das massas originárias do baço. A esplenectomia, podendo ser realizada pela via minimamente invasiva, é o tratamento de escolha, visando evitar complicações e firmar o diagnóstico histológico.
Área
Cirurgia - Miscelânea
Autores
Lucas Magalhães Barboza, Fernando Augusto de Vasconcellos Santos, Daniela Alves de Brito Queiroz, Guilherme Avelar Machado Rocha Ribeiro, Amanda Moreira Alves