Dados do Trabalho
Título
Colangiografia intraoperatória super-seletiva é opção segura em pacientes submetidos à colecistectomia videolaparoscópica eletiva-estudo prospectivo de 1000 pacientes.
Resumo
INTRODUÇÃO: A colangiografia intraoperatória (CIO) é recomendada para evitar lesões biliares durante a colecistectomia. Contudo, ainda é controverso se há necessidade de realizar o procedimento em todos os pacientes.
MÉTODOS: Durante um período de 18 anos, 1000 colecistectomias laparoscópicas consecutivas foram realizadas pela mesma equipe cirúrgica, no mesmo hospital. A população fora selecionada em um ambulatório. Os pacientes eram oligossintomáticos e submetidos a ultrassonografia abdominal e dosagem sérica de enzimas hepáticas. Pacientes com colecistite aguda foram excluídos. Os critérios para realização de CIO foram: história prévia de icterícia e/ou pancreatite biliar, elevação de gama-glutamil-transpeptidase (GGT) , cirurgia prévia com exclusão da papila do acesso endoscópico (by-pass gástrico em Y de Roux).
RESULTADOS: Foram operados 678 mulheres (67,8%) e 322 homens (32,2%). Não ocorreram óbitos. A maioria dos pacientes (92,4%) receberam alta no dia seguinte ao procedimento. Houve necessidade de uma reoperação por sangramento intrabdominal de origem no portal umbilical e uma reoperação para retirada de cateter transcístico que se rompeu dentro da via biliar. As cirurgias foram realizadas de forma eletiva, usando a técnica americana de 4 portais e ótica de 30 graus. O tempo médio foi de 73 minutos (intervalo entre 58-140 min). Duas conversões para cirurgia aberta foram necessárias (0,2%), sendo uma delas por incapacidade de cateterização do ducto cístico para a CIO e outra devido à lesão no intestino delgado na entrada do primeiro trocater (por aderêrencias de cirurgia prévia ). Apenas 19 colangiografias foras realizadas (1,9%). Dessas, 16 foram positivas para cálculos intracoledocianos. Os pacientes foram encaminhados para CPRE-papilotomia de forma eletiva no pós-operatório. O clearance da via biliar foi efetivo em todos os casos. Foi relatada uma complicação relacionada à técnica CPRE (pancreatite necrosante aguda), para qual foi necessária cirurgia. Os pacientes foram seguidos ambulatorialmente por um período médio de 12 anos, não havendo relatos de complicações biliares nos casos não submetidos a CIO.
CONCLUSÃO: Em pacientes altamente selecionados, colangiografia intraoperatória super-seletiva é uma opção segura. Questiona-se a real necessidade da realização da CIO como rotina em todos os pacientes submetidos a colecistectomia laparoscópica eletica por colecistopatia não aguda oligossintomática.
Área
Cirurgia - Fígado
Autores
Elisa Dal Rio Teixeira, Pedro Ferro Berton, Antonio Teixeira Filho, Herbert Andreghetto, Antonio Roberto Franchi Teixeira