XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Frequência de alterações Intestinal e Hepática em pacientes diagnosticados com COVID-19 atendidos em hospitais de rede privada do Brasil

Resumo

Introdução: Em dezembro de 2019, a OMS foi alertada sobre casos de pneumonia, especialmente na cidade de Wuhan, na China, por um vírus desconhecido. A princípio, os sintomas mais comuns da infecção causada pelo SARS-CoV-2 eram febre, tosse e falta de ar. De acordo com alguns estudos, 75% dos pacientes com COVID-19 apresentam um ou mais sintomas gastrointestinais, sistema mais acometido após o respiratório. A descoberta de DNA viral em amostras de fezes e esfregaços anal/retais é um indício para essa constatação, além da elevada expressão do receptor ECA2 nos órgãos do trato gastrointestinal. Objetivo: Avaliar a frequência de alterações gastrointestinais e alterações hepáticas em pacientes internados com diagnóstico de COVID-19 e atendidos em hospitais de uma rede hospitalar do Brasil. Métodos: Estudo observacional, do tipo corte transversal, concorrente, envolvendo todos os pacientes com idade>18 anos admitidos entre março e dezembro de 2020, com diagnóstico de COVID-19, confirmado por RT-PCR. A coleta de dados foi feita por meio de formulário padronizado em hospitais da rede e compartilhado através da REDcap. Resultados: Um total de 3555 pacientes foram incluídos no estudo, dentre os quais estavam 59,9% (n=2129) homens e 40,1% (n=1424) mulheres. 41% (n=1459) dos incluídos tinham alguma comorbidade, sendo 22,4% (n=769) obesos e 1,1% (n=38) doença hepática crônica. No momento da admissão, 39,6% (n=1409) apresentaram SatO2 < 94% e em 48,2% (n=1712) a SatO2 aferida foi >94%. 78,8% foram admitidos em unidade de cuidados intensivos. A diarreia foi o achado relacionado ao TGI mais frequente, observado em 15% das admissões (n=534). As alterações de enzimas hepáticas foram observadas com frequência, com valores médios de AST 77,1 (535,2), variando entre 4 e 13.454 UI/L; ALT 67,7 (263,6), variando entre 3 e 6320 UI/L, com níveis mais elevados em pacientes com evolução de maior gravidade em UTI. Não observamos diferença na frequência de internamentos em UTI associada a presença de doença hepática previa (p=0,26), não influenciando nos desfechos. Conclusão: Os dados refletem a primeira onda da Covid-19. As alterações hepáticas e diarreia foram achados frequentes em pacientes admitidos com diagnóstico da Covid-19, sendo a elevação de enzimas hepáticas a alteração laboratorial mais observada.

Área

Gastroenterologia - Miscelânea

Autores

Elvis Paim Ferreira, Mariana da Silva Arbués, André Castro Lyra, Lourianne Nascimento Cavalcante