XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

MELANOMA METASTÁTICO PANCREÁTICO VARIANTE DE PEQUENAS CÉLULAS MIMETIZANDO NEOPLASIA NEUROENDÓCRINA: RELATO DE CASO

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO: Paciente V.D.R, sexo masculino, 43 anos. Hipertenso, nega tabagismo e etilismo. História familiar de pai com câncer de próstata, tios com câncer gástrico e avô com carcinoma de células renais. À consulta, queixa-se de dois episódios de epigastralgia intensa com irradiação para o dorso, sucedidas de náusea, estufamento, urina escurecida e fétida por cerca de quatro dias. Normalidade ao exame físico. Exames laboratoriais mostram ferritina, VHS e glicemia elevados, PCR 11,8 e discreta leucocitose. Realizados exames de imagem. A ultrassonografia mostrou cisto na cabeça do pâncreas, medindo 33mm, aumento de 11mm em relação a exame prévio de 2013. A ecoendoscopia com biópsia observou lesão pancreática de aspecto sólido bem delimitada, arredondada hipoecogênica e homogênea, com reforço acústico posterior. O painel imuno-histoquímico favorecia diagnóstico de melanoma com diferenciação neuroendócrina (cromogranina e sinaptofisina positiva fraco e focal, Ki 67 positivo 90%, S100 ++++, melan A (MART-1) ++++). A tomografia constatou lesão expansiva na topografia do corpo/cabeça do pâncreas, com 51x59x37mm, predominantemente cística, não contrastante. Exames laboratoriais subsequentes detectaram CA19-9 8,3; CEA: 0,4, PSA: 0,9 e o paciente foi, então, referido à oncologia. Após PET-CT captante apenas no pâncreas e dermatoscopia sem alterações, procedeu-se à cirurgia, onde, além da lesão pancreática, foram detectados implantes neoplásicos peritoneais e hepáticos, cujo perfil imuno-histoquímico também era compatível com melanoma metastático. DISCUSSÃO: Os tumores pancreáticos representam cerca de 2% de todos os casos de câncer, possuindo alta morbitalidade. Dividem-se em endócrinos e não-endócrinos, sendo o adenocarcinoma a histopatologia típica. Observa-se que o melanoma de pequenas células apresentado pelo paciente é um tumor neuroendócrino pancreático que corresponde à apenas 2% de todas as neoplasias pancreáticas. Por possuírem muitas variantes citomorfológicas e, geralmente, não haver marcadores neuroendócrinos concomitantemente, o diagnóstico do paciente mostrou-se ainda mais desafiador pela raridade e por miscigenar características de dois diferentes tumores que tendem a não aparecer numa mesma apresentação clínica. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O acometimento do pâncreas por melanoma maligno é raro, mas pode ocorrer tanto primariamente ou como metástase. Mais estudos são necessários para melhor compreensão da patologia e possíveis manejos.

Área

Gastroenterologia - Pâncreas e Vias Biliares

Autores

Anita dos Santos Cardoso, Julia Torcelli Noetzold, Laura Bittencourt de Oliveira, Isabela Pizzetti, Vitoria Silva da Rosa, Manoel Carlos de Brito Cardoso