XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Hemorragia digestiva média por angiectasia de intestino delgado: diagnóstico via enteroscopia intraoperatória em paciente instável hemodinamicamente

Resumo

IRO, 77 anos, feminina, hipertensa, com história de colecistectomia e apendicectomia prévias, encaminhada ao hospital terciário com quadro de enterorragia. Descartada doenças orificiais, submetida a endoscopia digestiva alta que apresentou ectasia vascular em corpo gástrico distal sem sangramento. Devido achado de diverticulose pancolônica em estudo tomográfico, fora aventada hipótese diagnóstica de hemorragia digestiva baixa por doença diverticular. Submetida a colonoscopia que revelou diverticulose pancolônica com coágulos esparsos, sendo visualizados coágulos e hematinas ainda presentes após percorrer 60 cm de íleo distal. Como a paciente não apresentou mais exteriorizações e manteve estabilidade, seguiu-se com plano de investigação ambulatorial da suspeita de hemorragia digestiva média, visto achado da colonoscopia. Porém fora reencaminhada ao serviço 5 meses após o evento com novo quadro de enterorragia. Realizada nova endoscopia digestiva alta que demonstrou angiectasia de corpo gástrico e segunda porção duodenal, sem sinais de sangramento. Devido piora do quadro, instabilidade e necessidade de transfusão de 6 concentrados de hemácias, optou-se por laparotomia exploradora com enteroscopia intraoperatória. Realizado acesso através de enterotomia 100 cm a jusante do ângulo de Treitz, com identificação de ponto hemorrágico a cerca de 10cm do ângulo de Treitz. Realizado enterectomia do segmento e anastomose jejuno-jejunal látero-lateral manual. Após o procedimento, a paciente evoluiu com melhora do quadro e alta hospitalar, sem apresentar novos sangramentos digestivos durante seguimento de 3 meses. A análise anatomopatológica da peça revelou ectasia vascular em região de mucosa entérica. Ilustrado pelo caso clínico descrito, o sangramento do intestino delgado é incomum, tendo a angiectasia um importante diagnóstico diferencial. Geralmente não grave, é responsável pela maioria dos pacientes com sangramento gastrointestinal que persiste ou recorre sem uma etiologia após endoscopia digestiva alta e colonoscopia. Seu diagnóstico se torna muitas vezes um desafio, pela necessidade de materiais indisponíveis na maioria dos serviços de saúde pública do país (como a cápsula endoscópica e o enteroscópio). Dessa forma, a enteroscopia intraoperatória pode ser utilizada como alternativa diagnóstica, sobretudo em pacientes instáveis ou submetidos a intervenção cirúrgica, sendo de grande utilidade na indisponibilidade de métodos endovasculares.

Área

Endoscopia - Intestino delgado

Autores

João Paulo Slongo, Vitor Montenegro Lourenço Silva, Vinicius Dias Alves, Allan Cezar Faria Araujo, Jackson Vinicius Lima Bertuol, Peterson Fasolo Bilhar, André Pereira Westphalen