Dados do Trabalho
Título
Embolectomia de artéria mesentérica superior com cateter de Fogarty no intraoperatório de abdome agudo vascular
Resumo
VS, 68 anos, previamente portador de hipertensão arterial e história de infecção recente por coronavírus. Evoluiu com dor abdominal epigástrica e em fossa ilíaca esquerda, em queimação, forte intensidade, súbita, sem irradiação, fatores de piora ou melhora. Apresentava exame físico inocente, porém houve surgimento de peritonite difusa, quando foi encaminhado para hospital terciário. Realizada tomografia computadorizada que demonstrou falha de enchimento sugestivos de trombose de artéria mesentérica superior que, associada ao quadro clínico, levantou hipótese de abdome agudo vascular. Indicada laparotomia exploradora que evidenciou edema, congestão e alteração de coloração de 200 cm de intestino delgado, porém mantinha motilidade e temperatura, denotando viabilidade do seguimento. Acionado a cirurgia vascular frente à tomografia prévia com identificação do ramo vascular afetado, a qual optou pela dissecção da artéria mesentérica superior e embolectomia do ramo arterial afetado com cateter de Fogarty. Saída de moderada quantidade de material tromboembólico e restauração do fluxo arterial, além de melhora da coloração do seguimento afetado. Realizado peritoniostomia à vácuo para fechamento temporário da cavidade. Reabordado 24 horas após e identificada isquemia segmentar de apenas 15 cm, prosseguido com enterectomia e enteroanastomose do segmento. Paciente apresentou boa evolução, recebendo alta hospitalar no décimo dia pós-operatório em uso de anticoagulação plena com rivaroxabana. A isquemia intestinal pode afetar todos os segmentos intestinais, sendo causada por qualquer processo que reduza o fluxo sanguíneo intestinal, como oclusão arterial ou venosa. Na vigência de sintomas agudos, diagnóstico rápido é imperativo, uma vez que as consequências clínicas podem ser catastróficas, incluindo choque séptico, isquemia e necrose intestinal, frequentemente com envolvimento isquêmico não compatível com a vida. Quanto ao tratamento, há preferência por técnicas endovasculares, como prósteses e stents, porém a embolectomia/trombectomia aberta continua sendo opção, principalmente quando incerteza diagnóstica. O caso apresenta um cenário de diagnóstico precoce de isquemia intestinal com evolução favorável, não comum na prática. Isso reforça a importância do diagnóstico precoce, da tomografia prévia (quando possível) e da disponibilidade de especialista, possibilitando tratamento curativo para um caso grave que, não raramente, possui desfecho negativo.
Área
Cirurgia - Intestinos
Autores
João Paulo Slongo, Vinicius Dias Alves, Vitor Montenegro Lourenço Silva, Gustavo Antônio Giolo, Peterson Fasolo Bilhar, Djoney Rafael Santos, André Pereira Westphalen