XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Remoção endoscópica de aparelho celular em trato gastrointestinal alto

Resumo

EMV, 36 anos, detento, com histórico de laparotomia exploradora prévia em decorrência de ferimento por arma de fogo há 10 anos. Admitido no pronto-socorro de hospital terciário com relato de ingesta de corpo estranho metálico há 3 dias, além de náuseas e vômitos há dois dias. Na radiografia de abdome agudo da admissão, visualizava-se placa metálica de aproximadamente 5cm de comprimento em topografia de bolha gástrica. Submetido a endoscopia digestiva alta que evidenciou telefone celular de 5,5 cm de comprimento, em fundo gástrico, removido com a utilização de alça de polipectomia. Realizado em caráter de urgência, o exame evidenciou mucosa e corpo e fundo do estômago sem alterações, destacando-se apenas lacerações planas e hiperêmicas em antro. Apresentou boa evolução pós endoscopia e recebeu alta no mesmo dia com protetor gástrico e orientações quanto aos sinais de alarme. Cerca de 80% dos casos de ingesta de corpo estranho se resolve espontaneamente, a maioria deles expelidos de 4 a 6 dias após a ingesta. Apenas 20% necessita de intervenção, sendo que apenas 5% desses apresentam complicação ou necessidade de cirurgia. Apesar disso, objetos com mais de 2 a 2,5 cm de diâmetro não passam pelo piloro ou válvula ileocecal, enquanto que objetos com mais de 5 a 6 cm de comprimento não passam no duodeno. Nesses casos, assim como na presença de outros sinais de alarme, como objetos cortantes, pilhas e baterias no estômago, está indicado endoscopia digestiva alta em caráter de urgência – realizada em até 24h. No caso em questão optou-se pela realização precoce devido presença de corpo estranho com cerca de 5 cm impactado no estômago, visando reduzir o risco de migração para topografia duodenal. Além de evidenciar a possibilidade de remoção endoscópica de corpos estranhos ingeridos via trato gastrointestinal alto, mesmo quando de grande volume, o caso exemplifica uma ingesta atípica, visto que a grande maioria é composta por corpos estranhos alimentares (adultos) ou moedas (crianças). Além disso, destaca a praticidade da endoscopia e variabilidade de materiais que podem ser utilizados para remoção dos mais diversos corpos estranhos, no caso específico uma alça de polipectomia e um aparelho celular. A abordagem endoscópica, portanto, oferece a possibilidade de redução da agressividade da abordagem, o risco de complicações, tempo e custo de internação hospitalar, sobretudo quando extingue a necessidade de laparotomia em paciente com abordagem cirúrgica prévia.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

João Paulo Slongo, Karoline Alberti, Matheus Santana Schwaab, Jorides Zoratto Neto, Elisandrea Maria Vicenti Tabaczenski, Luiz Augusto Richard, André Pereira Westphalen